Edição 9 - janeiro de 2018
Inmetro desenvolve método para análise de equipamentos de ultrassom
Quem já fez fisioterapia para tratar artrose, tendinite, bursite, dores lombares e diversas outras doenças já deve ter passado por tratamento com ultrassom. É um recurso terapêutico bastante comum, devido a seus efeitos térmicos e mecânicos nos tecidos biológicos. Mas, com o tempo de uso, será que o equipamento continua operando de forma correta e, consequentemente, oferecendo um tratamento confiável?
Pensando nisso, pesquisadores do Laboratório de Ultrassom (Dimci/Diavi/Labus) e do Programa de Engenharia Biomédica doInstituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEB/Coppe/UFRJ) desenvolvem pesquisas com o objetivo de propor um método que possa ser utilizado periodicamente pelos usuários finais (fisioterapeutas, por exemplo) para garantir, com margem de segurança considerável, que o equipamento permanece com boas condições de funcionamento.
Hoje, os aparelhos de ultrassom têm seu modelo avaliado de acordo com requisitos estabelecidos pelo Inmetro. No entanto, diversas pesquisas apontam que o tempo de uso, a forma de manuseio, a habilidade técnica do operador, entre outros fatores, podem interferir no desempenho do equipamento.
A técnica padrão para medir irradiação, potência e intensidade acústica é cara e complexa, própria para laboratórios de metrologia, mas inviável para avaliar todos os instrumentos que estão no mercado. “A estimativa é que haja 45 mil equipamentos em uso no País. Não dá para fazer avaliação periódica de todos eles, então estamos desenvolvendo um método de avaliação mais simples, mas que seja indicativo de possíveis problemas”, explicou Rodrigo Félix, doutor em Engenharia Biomédica e pesquisador do Labus.
Pesquisadores do Labus, Rodrigo Félix e André Alvarenga.
Para isso, os pesquisadores Rejane Medeiros Costa e Wagner Coelho de Albuquerque Pereira, do PEB/COPPE/UFRJ, desenvolveram uma pastilha (facilmente preparada e reutilizável) feita de silicone misturado com material termocromático em pó, que é suscetível ao aquecimento. Na prática, ela perde a cor quando colocada em contato com o transdutor de equipamento de ultrassom em funcionamento, já que um efeito dele é o aumento da temperatura. Dessa forma, é possível ter indicativos do funcionamento dos aparelhos sem o uso de qualquer dispositivo extra, somente observando a mudança de cor do material.
O pesquisador André Alvarenga, do Labus, dá um passo adiante. Ele desenvolveu um método de processamento de imagem da pastilha que permite avaliar se a área permanece igual ao longo do tempo, o que indicaria a estabilidade do funcionamento dos equipamentos terapêuticos.
Equipamento de ultrassom e pastilha desenvolvida pela Coppe/UFRJ.
No segundo semestre de 2016, a patente foi depositada no INPI. Agora, o Inmetro quer fazer o licenciamento da tecnologia, para que empresas possam desenvolver uma espécie de aplicativo para realização das análises. “No mundo ideal, os fisioterapeutas têm a pastilha, a fotografam periodicamente e utilizam o aplicativo no próprio celular para fazer a análise ao longo do tempo”, explicou Rodrigo Félix.
De acordo com o pesquisador, uma aluna do Mestrado Profissional em Metrologia e Qualidade, oferecido pelo Inmetro, vai, ainda, fazer uma pesquisa para compreender melhor o interesse do mercado pela tecnologia. A ideia é submeter questionários a fisioterapeutas e depois selecionar alguns para fazerem um período de teste com a pastilha, para ver como ela se comporta e qual é a avaliação dos profissionais.