Estudantes de Medicina da Liga Acadêmica de Emergências Médicas do Distrito Federal estão sendo capacitados para identificar e coletar informações sobre acidentes envolvendo produtos de consumo que geraram atendimentos nos nove hospitais em que atuam. Os registros irão alimentar o Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (Sinmac), contribuindo para ampliar a compreensão sobre produtos que podem oferecer risco à segurança das pessoas, os cenários em que os acidentes ocorrem e as lesões provocadas.
A ação está sendo liderada pelo médico anestesiologista, Dr. Paulo Sério Pinheiro Guimarães, membro do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente do Hospital das Forças Armadas e participante da Rede de Consumo Seguro e Saúde do Distrito Federal. A ideia é que os 32 estudantes que compõem a Liga façam busca ativa nos prontos-socorros e hospitais, conversando com os pacientes ou seus familiares, para tentar identificar os acidentes de consumo e as circunstâncias em que ocorreram. Para o registro, o servidor da Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf) do Inmetro, Paulo Coscarelli, adaptou o formulário do Sinmac, de forma que ele possa ser utilizado pelos alunos.
Nos EUA, a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (CPSC) estima que, apenas em 2017, foram mais de 14 milhões de visitas às salas de emergências de vítimas de acidentes provocados por produtos de consumo. No Brasil, ainda não é possível ter estimativas confiáveis. “A falta de compreensão do conceito de um acidente de consumo por parte do profissional de saúde no Brasil leva à subnotificação. Com isso não é possível ter um cenário real dos gastos associados com o tratamento de vítimas desse tipo de acidente no país”, explicou Paulo Coscarelli.
A iniciativa liderada pelo Dr. Paulo Guimarães é uma ação concreta para tentar mudar este cenário. “Como médico, há mais de 20 anos eu lidava com acidentes de consumo diariamente, só não sabia o que era isso. As campanhas de conscientização da população são muito importantes, mas, enquanto os profissionais de saúde não entenderem como é o processo, as iniciativas não vão ‘andar’”, afirmou.
De acordo com o médico, dependendo dos resultados do trabalho piloto no Distrito Federal, a ideia é levar à Secretaria de Saúde uma proposta de inclusão do conteúdo em cursos de graduação de áreas como medicina e enfermagem e, quem sabe, em algum momento, fazer com que haja uma política de saúde específica sobre o tema. “Isso é demorado, estamos fazendo as coisas aos poucos”, alertou.
Rede Consumo Seguro e Saúde
Junto com Anvisa, Senacon e Ministério da Saúde, o Inmetro compõe o GT-Brasil Consumo Seguro e Saúde, que, desde meados de 2010, atua com a finalidade de refletir nacionalmente os debates promovidos pela Rede Consumo Seguro e Saúde das Américas (RCSS). A RCSS é uma iniciativa coordenada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) em cooperação com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e integra 35 países, interessados em, conjuntamente, fortalecer iniciativas e estratégias para aumentar a segurança de consumo e a saúde dos consumidores.
Desde o início de sua atuação, o GT Brasil definiu como estratégia principal a instalação de redes estaduais de consumo seguro e saúde, promovendo a ação integrada de órgãos locais com foco na definição de objetivos comuns, no âmbito de suas competências legais, em especial das vigilâncias sanitárias, Procons e Ipems.
De acordo com Paulo Coscarelli, para 2018, o Grupo de Trabalho distribuiu suas atividades em quatro eixos: sistemas de informação/coleta de dados; capacitação; institucionalização; e comunicação/divulgação.
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