Tinta à prova de riscos e vidros que não retêm água, tratamentos de superfícies revolucionários, aço elástico, novas ligas e novos materiais para a indústria, fios e tecidos inteligentes que não perdem a cor, não mancham e não molham, plásticos ultra-resistentes e com novas propriedades, sensores e equipamentos elétricos e eletrônicos superminiaturizados, filtros para líquidos e gases com eficácia de 99,99%. Parece ficção, mas estas são apenas as últimas novidades que estão deixando os laboratórios para se incorporarem ao nosso dia-a-dia. Essa nova realidade é proporcionada pela intensificação do uso da nanotecnologia, já considerada a 5ª Revolução Industrial. Essa notável tecnologia é resultado da crescente capacidade de manipulação de átomos e de moléculas, com amplas possibilidades de utilização em todos os setores industriais, médico-científicos e ambientais.
A nanotecnologia, cujo nome vem do grego "nano" (muito pequeno, anão), é um campo multidisciplinar que reúne a Química, a Física, a Biologia, a Ciência, a Engenharia de Materiais e a Computação de última geração. Um bilionésimo de metro — um nanômetro (= 10-9 m = 0,000000001 m) — é a medida nessa escala. Inúmeras são as aplicações do nanoconhecimento, especialmente no campo industrial. E foi o Brasil que, em 2000, alcançou a menor margem de erro na medição do metro: um nanometro (um bilionésimo de metro). Dois físicos do Inmetro conseguiram ultrapassar a margem de erro, até então obtida mundialmente de três nanometros, contribuindo, assim, para a nanotecnologia.
A importância estratégica da nanotecnologia para a competitividade industrial brasileira atraiu um arco de alianças, envolvendo empresários, cientistas e pesquisadores, com o propósito de realizar um evento internacional focalizando a nanotecnologia sob a ótica das suas aplicações industriais.
Assim, com a participação do Inmetro e grandes patrocinadores, foram criados o Congresso Internacional de Nanotecnologia — Nanotec 2005 e a Exposição Internacional de Projetos, Produtos e Materiais Nanotecnológicos — Nanotec Expo 2005 -, evento feito pela e para a indústria, para apresentar aos empresários brasileiros o estágio das pesquisas no Brasil e no mundo, quais os produtos que já incorporam a nova tecnologia, os mais recentes avanços nanotecnológicos e o seu impacto mercadológico nos setores eletroeletrônico, automotivo/autopeças, têxtil e confeccionista, plásticos, meio ambiente, e novos materiais e tratamento de superfícies, além de expor os produtos desenvolvidos pela nascente indústria nanotecnológica nacional e discutir as oportunidades e as perspectivas de negócios, nos segmentos específicos, para o empresariado brasileiro, de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom).
É a primeira vez no Brasil que um evento reúne instituições significativas da Indústria, da Ciência e do Governo .O Congresso Nanotec 2005, que acontecerá nos dias 6 e 7 de julho no ITM Expo (SP), contará com a presença de cientistas e pesquisadores de diversas áreas da nanotecnologia, além de representantes de algumas das principais empresas do Brasil e do mundo. Sob o tema principal — "A Nanotecnologia e seus impactos para as Indústrias" — serão realizadas 26 palestras e 8 painéis, envolvendo mais de 55 especialistas.
O presidente do Inmetro, João Jornada, será um dos palestrantes nacionais. Dentre os especialistas internacionais destacam-se: Barbara Jones, diretora de Matérias e Fenômenos Magnéticos do Centro de Pesquisa da IBM (USA); o professor Mark Welland, chefe do Laboratório de Ciências Nanotecnológicas do Departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge (Grã-Bretanha); Erika Gyoervary, cientista do Centro Suíço de Eletrônica e Microtecnologia – CSEM, Suíça; Stefan Mecheels – diretor- presidente do Hohenstein Research Institute (Alemanha), Girish Solanki - gerente de Pesquisa Técnica da Frost & Sullivan - USA e Hrishikesh Bidwe, analista sênior de Pesquisa da Frost & Sullivan (Grã-Bretanha), um dos responsáveis pela elaboração do mais importante relatório sobre os impactos da nanotecnologia no setor automotivo
A Nanotec Expo 2005, de 5 a 8 de julho, das 10 às 19 horas, será uma vitrine para se conhecer as nanotecnologias já disponíveis para as indústrias e as nascentes empresas brasileiras de nanotecnologia. Entre outros produtos, o visitante poderá conhecer: os polímeros luminescentes, isto é, polímeros que emitem luz sob a ação de corrente elétrica e servem para a confecção de telas e displays luminosos, a língua eletrônica, que reconhece marcas e safras de vinho e os sensores ultra sensíveis para detecção de gases; as janelas fotossensíveis — vidros que podem ser usados como janelas ou tetos solares, que convertem a luz do sol em eletricidade e podem gerar energia ou acionar dispositivos elétricos; o plástico biodegradável — amostras de plásticos, produzidos por bactérias, que se degradam evitando a poluição do meio ambiente; e recobrimento para proteção de compressores — filmes com estrutura nanométrica que protegem contra a degradação e a corrosão.
Embora, no Brasil, a nanotecnologia ainda seja vista como uma coisa do futuro e longe da realidade das empresas, no restante do mundo ocorre o inverso. Para se ter uma idéia, os principais países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, como China, Índia e Coréia do Sul, investiram mais de US$ 75 bilhões em pesquisas e no desenvolvimento de nanotecnologias, somente em 2004. E novas patentes estão sendo requeridas todos os dias. A projeção é que, até 2015, a realização de negócios internacionais envolvendo essa tecnologia supere um trilhão de Euros. Como o Governo, o empresariado e as instituições científicas nacionais sabem que o Brasil não pode deixar de participar ativamente dessa "revolução nanotecnológica", a idéia é trabalhar em cooperação para o País ocupar seu lugar nessa história.