Não é de hoje que a literatura sobre gestão explora conceitos. Não existe a fórmula perfeita de como fazer gestão, mas há diversos modelos e ferramentas que prometem avaliar o desempenho dos processos e identificar as causas de uma performance ruim. Especialistas sabem disso.
Nas próximas linhas não escreverei sobre como fazer gestão, mas, sim, porque fazemos o que fazemos todos os dias.
Considerando um ambiente de processos consolidados, indicadores de desempenho bem definidos e avaliações sistemáticas, contínuas e eficazes, por que então alguns gestores têm tanta dificuldade em implementar modificações em seus processos, enquanto outros parecem conseguir isso da noite para o dia?
Muito provavelmente seriam apontadas questões relacionadas à ausência de liderança, de patrocínio da Alta Administração, de conhecimento avançado sobre o negócio, de engajamento, de motivação, entre outros fatores.
Parece óbvio, mas não é.
Não estou desconsiderando esses fatores, eles existem e são facilmente percebidos por quem respira o universo corporativo. Entretanto, parece existir algo mais arraigado, que suplanta todas essas questões.
Tenho observado nos últimos anos, tanto no ambiente público quanto no privado, que a maioria dos líderes simplesmente gira a chave todos os dias, inicia as suas atividades e chega ao fim sem avaliar se o que está sendo feito é bom e suficiente: o loop do hábito.
Hábitos podem ser sua condenação ou sua libertação, a depender da forma que são utilizados.
Certamente, você já ouviu dizer que rotinas estabelecidas geram bons resultados. Sim e não.
Você precisa compreendê-las e, se for preciso, alterá-las. Transformar hábitos é uma capacidade genuinamente desafiadora.
Desconstruir um hábito de gestão estabelecido requer sensibilidade para compreender a necessidade de desvencilhar-se de modelos pré-concebidos e impressões não comprovadas.
Em tempos atuais não dá para ser simplório. É preciso ter estrutura de fundamento. Opinião balizada é diferente da “achologia”. Investigue!
Um bom gestor deve pesquisar até achar as raízes de um problema. Entender causas e consequências
Não sabe como fazer?
A grande escritora ucraniana, que viveu no nosso país e se naturalizou brasileira, Clarice Lispector (1920- 1927), tem uma frase magnífica que, sintetizada, passava a seguinte ideia: “Aquilo que desconheço é minha melhor parte”, ou seja, o melhor de mim é o que ainda não sei!
Porque aquilo que não sei é o que renova, faz crescer.
É precisoter propósito. Abrir os olhos para perceber e capturar novas possibilidades. Desenvolver diferentes rotinas para ter melhores ganhos.
É sempre bom lembrar que transformações requerem planejamento. Múltiplas e radicais não são sustentáveis. Estude, analise o quão factível é a mudança, organize e execute.
Se você já está no caminho, mas ainda não alcançou o seu objetivo, fique atento, mas não deixe de comemorar “pequenas vitórias”. Entregáveis, ainda que parciais, demonstram garra, vontade de fazer diferente.