Edição 18 - Fevereiro de 2019
3 perguntas para
THIAGO L. VASCONCELOS
DIMCI
Em que consiste a invenção que teve a patente deferida?
TERS é uma técnica relativamente recente, com os primeirostrabalhos publicados no início dos anos 2000, e que vive, desde então, uma limitação técnica: a produção de sondas reprodutíveis e opticamente eficientes. A sonda é o coração da técnica, o instrumento que permite a quebra do limite de resolução óptica (aproximadamente metade do comprimento de onda da luz usada), gerando imagens ópticas e espectroscópicas dentro da escala nanométrica, mesmo trabalhando com luz visível.
Trata-se de uma ponteira que confina a luz em seu ápice – uma fonte de luz nanométrica. Assim, usando-a bem próxima da amostra, é possível gerar imagens onde a resolução passa a ser relacionada ao tamanho de seu ápice, no caso, aproximadamente 10 nm.
Esta invenção trata de um método que intensifica de forma reprodutível e controlada e eficiência óptica da sonda de TERS, ao gerar e sintonizar uma ressonância plasmônica na ponteira. Digamos que o usuário possui um sistema TERS que utiliza um laser na frequência do vermelho. O método indica que uma modificação simples deverá ser feita, por meio de feixe de íons focalizado, a uma distância de 240 nm de seu ápice, levando-a a gerar resultados bem superiores.
É importante ressaltar que o estudo que resultou a patente, divulgado como artigo científico na revista ACS Nano (vol. 9, pag. 6297–6304) em 2015, só foi possível graças à combinação única de diferentes técnicas de fabricação e caracterização instaladas na Dimat (que inclui MEV, EELS em MET, TERS e simulações computacionais), somadas ao forte know-how de seus pesquisadores e técnicos.
Esta tecnologia foi desenvolvida com intensa colaboração com os grupos de pesquisa dos professores Ado Jório e Luiz Gustavo Cançado, do chamado LabNS (Laboratório de Nanoespectroscopia) do Departamento de Física da UFMG, um Laboratório Associado ao Inmetro (LA3IC) desde 2013.
Quais são possíveis aplicações da tecnologia?
Como explicado, esta tecnologia é destinada para ser usada como sonda na técnica de Nanoespectroscopia Raman, que pode ser aplicada no estudo e caracterização de diferentes nanomateriais, como nanoestruturas de carbono, nanopartículas semicondutoras, proteínas e nanoestruturas bidimensionais de dicalcogenetos de metais de transição.
Considerando a alta reprodutibilidade na sua eficiência óptica, o dispositivo patenteado não só melhora a qualidade dos resultados obtidos com a técnica, trazendo novas possibilidades de pesquisas científicas e industriais, como também abre portas para o desenvolvimento pioneiro da metrologia em TERS.
Na UFMG, já está em andamento um projeto financiado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), que terá como fruto um plano de negócios e protótipos de sistemas TERS nacional. Desta forma, foi projetada a possibilidade de criação de uma startup destinada à fabricação, no Brasil, de sondas de TERS, opticamente eficiente e reprodutíveis. Por isso a necessidade de depositarmos as patentes no Brasil e no exterior, protegendo a tecnologia e fortalecendo a indústria nacional de nanotecnologia.
A patente foi depositada em outros lugares?
Esta patente foi primeiramente depositada no Brasil, em 2015, mas, depois de certo tempo, o grupo vislumbrou a possibilidade de comercialização do dispositivo em outros países, onde é mais utilizada a técnica de Nanoespectroscopia Raman. Assim, depositamostambém nos Estados Unidos, na China e na Europa. Este deferimento pela USPTO (EUA) é a primeira resposta, o que indica que possivelmente a teremos também deferida nos outros países.