Edição 17 - Janeiro de 2019
Mais recursos para pesquisas de ponta no Inmetro
Cinco pesquisadores do Inmetro tiveram projetos aprovados na última Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). São propostas de diferentes áreas, com potencial de contribuir significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação no País.
Essa é uma das chamadas mais tradicionais do CNPq e recebe a inscrição de milhares de pesquisadores vinculados a Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT) ou a empresas brasileiras cadastradas no Diretório de Instituições do CNPq. A aprovação dos projetos dos pesquisadores do Inmetro demonstra a pesquisa de ponta realizada nos laboratórios do Instituto, no campus de Xerém.
Nesta edição, R$ 200 milhões serão liberados em até três parcelas ao total de projetos aprovados. As propostas têm o valor máximo de financiamento de acordo com as faixas definidas no edital: Faixa A – projetos de até R$ 30 mil; Faixa B – projetos de até R$ 60 mil; e Faixa C – projetos e até R$120 mil. Dois pesquisadores do Inmetro tiveram projetos aprovados na Faixa A e três na Faixa B.
Rodrigo Costa-Felix, da Divisão de Metrologia Acústica e Vibrações (Dimci/Diavi), teve aprovado um projeto que tem como propósito estabelecer métodos para a aplicação de ultrassom de banda larga na fabricação de biodiesel e na análise de combustíveis e misturas de líquidos. O método, em relação aos tradicionais, que usam uma única frequência, possibilita análise mais complexa, a partir de mais variáveis. “A utilização da banda mais larga permite análise multivariada dos sinais e tem mais potencial técnico de avaliar alterações no processo de fabricação”, explicou o pesquisador.
O projeto de Joyce Araujo, da Divisão de Metrologia de Materiais (Dimci/Dimat), visa melhorar a qualidade do asfalto usado nas estradas brasileiras pela adição de agentes rejuvenescedores a base de carbono aos ligantes asfálticos envelhecidos, restaurando-se assim algumas das frações químicas perdidas durante sua vida útil e, consequentemente, evitando a necessidade de troca precoce. “Um aglutinante envelhecido tende a endurecer e tornar-se mais frágil do que o material em seu estado virgem. O processo de envelhecimento pode ser revertido pela adição de agentes rejuvenescedores, que necessitam ser de baixo custo e produzidos em larga escala, devido à grande quantidade de material requerida para a pavimentação”, afirmou a pesquisadora. A ideia do projeto é avaliar o uso de materiais de carbono, produzidos a partir da lignina (subproduto da indústria de papel), para estabelecer um processo tecnologicamente viável para aplicação nas estradas e rodovias brasileiras, que são de revestimento asfáltico em 95% dos casos.
Da esq. para a dir., Paulo Leite, Braulio Archanjo, Joyce Araujo, Thiago L. Vasconcelos e Rodrigo CostaFelix, pesquisadores do Inmetro que tiveram projetos aprovados na Chamada Universal do CNPq.
Braulio Archanjo, que também trabalha na Dimat, teve aprovado um projeto que busca avaliar os principais sistemas de medição de propriedades químicas e estruturais de materiais a base de grafeno e cristais bidimensionais (2D), para compreender os princípios da rastreabilidade metrológica e a estimativa das incertezas associadas às medições.
O pesquisador ressalta que esses materiais têm uma combinação de propriedades elétricas e ópticas únicas, com potencial de gerar produtos e serviços que dificilmente seriam desenvolvidos com as tecnologias ou materiais atuais nas mais variadas áreas, dos eletrônicos portáteis aos sistemas de transporte, por exemplo. “Para que o Brasil possa integrar o seleto grupo de nações que desenvolvem novastecnologias baseadas no grafeno e nos cristais 2D,será necessária a aplicação da nanometrologia. Este é um projeto estratégico para o País”, afirmou.
Thiago L. Vasconcelos é o terceiro pesquisador da Dimat que irá receber recursos oriundos da Chamada Universal. Ele propõe o desenvolvimento da metrologia na área de Nanoespectroscopia Raman (TERS, do inglês “tip-enhanced Raman spectroscopy”) e a fabricação de inovadoras nanoantenas ópticas, que possibilitam atingir resoluções na escala de poucos nanômetros, utilizando a luz visível, trazendo novas possibilidades de pesquisa e desenvolvimento. “Apesar de seu grande potencial de aplicações, TERS ainda não é uma técnica de rotina na caracterização de nanomateriais. O problema reside na falta de reprodutibilidade na fabricação de sondas opticamente eficientes”, explicou o pesquisador, que tem cinco anos de experiência na área e é coinventor de quatro pedidos de patentes, duas delas em fase nacional nos Estados Unidos e na China.
Por fim, o bolsista do Pronametro, Paulo Leite, lotado na Dimav, receberá recursos para desenvolver modelos tridimensionais (3D) contendo células do Sistema Nervoso Central (SNC) humano. Este modelo será usado para avaliação da biocompatibilidade de nanopartículas com potencial aplicação para carreamento de fármacos, ou seja, para levar medicamentos até os locais desejados no organismo, sendo neste caso, o parênquima cerebral. "Nanopartículas com características biocompatíveis e biodegradáveis são relevantes como carreadores de fármacos para a terapia de desordens cerebrais. O desenvolvimento e utilização de modelos 3D derivados de células pluripotentes induzidas humanas(hiPSC) com padronização de diâmetro para ensaios experimentais são mais realísticos quando comparado a modelos bidimensionais (2D). Isso se deve a uma maior semelhança dos eventos fisiológicos que ocorrem em organismos vivos. O desenvolvimento de nanocarreadores cerebrais pode contribuir para redução da concentração de fármacos neste órgão, bem como redução de eventuais procedimentos invasivos”, explicou o pesquisador.
De acordo com Paulo Leite, além de se aproximarem mais do SNC humano, o modelo contribuirá para a redução do uso de animais de laboratório para testes toxicológicos, estando em consonância com as recentes recomendações tanto de órgãos nacionais quanto internacionais.