Edição 10 - fevereiro de 2018
Automação a serviço da eficiência e da segurança
Se os avanços tecnológicos trazem novos desafios ao Inmetro, eles também permitem formas mais seguras e eficientes do Instituto realizar suas atividades. Foi com esse foco que a equipe do Setor de Instrumentação, Software e Hardware (Dimel/Sinst) desenvolveu o Dispositivo Automático de Verificação de Integridade de Software e Desempenho (DAVID), para verificação de mototaxímetros de maneira mais rápida, confiável e, principalmente, segura para os metrologistas.
O mototaxímetro foi regulamentado pelo Inmetro em 2012, para atender uma demanda da sociedade. Desde 2009 o serviço de mototáxi já era regulamentado, pela lei nº 12.009, mas a autorização do serviço, a especificação das normas de atuação dos profissionais e a fiscalização do trabalho fica a cargo de cada município, que pode ou não exigir a instalação de mototaxímetros.
Se a verificação desses instrumentos fosse feita como a dos taxímetros, os metrologistas teriam que ficar longos períodos como passageiros de motocicletas, suscetíveis aos riscos trazidos pelo transporte sobre duas rodas. A solução desenvolvida no Sinst foi a automação do processo, por meio da qual a avaliação do funcionamento do instrumento e da integridade do software embutido é feita sem que os profissionais dos órgãos delegados precisem subir na motocicleta- basta acoplar o dispositivo ao mototaxímetro e solicitar que o condutor empurre a motocicleta desligada por uma pista de 12,5 metros.
O restante do ensaio é realizado com a motocicleta estacionada com o DAVID conectado ao instrumento de medição, gerando os sinais correspondentes ao deslocamento necessário para o ensaio de desempenho. A verificação de integridade de software é automática, sem a interferência do metrologista, o que reduz o tempo de ensaio e torna o resultado mais confiável.
A pequena extensão da pista também é um diferencial trazido pela automação, que facilita a realização do trabalho. Para se ter ideia, a verificação de taxímetros, que não é feita de forma automática, necessita de uma pista plana de 2 km. “Não tem uma forma eficaz de fazer isso em campo”, explica o chefe do Sinst, Bruno Erthal.
Prática
A Agência Estadual de Metrologia do Mato Grosso do Sul (AEM-MS) foi o primeiro órgão delegado do Inmetro a receber o treinamento para uso do DAVID nas verificações de mototaxímetros, em 2017.
De acordo com a diretora técnica de Metrologia Legal e Avaliação da Conformidade da AEM-MS, Luciana Cogo, a capital do Estado, Campo Grande, tem 480 motocicletas com o instrumento de medição instalado e, segundo o sindicato da própria categoria, isso fez com que houvesse aumento no número de corridas, já que gera confiança nas pessoas de que elas estão pagando o valor correto pelo serviço.
A diretora conta que a principal dificuldade no processo foi sensibilizar os mototaxistas sobre a importância de comparecer ao local designado para fazer as verificações subsequentes obrigatórias. Cogo também dá dicas para que o trabalho seja realizado com sucesso por outros órgãos: é fundamental cadastrar o permissionário que fará as instalações previamente, ter bom relacionamento com o sindicato de mototaxistas e com a agência de trânsito local. “Sem o apoio da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) nós não conseguiríamos fazer as verificações. Eles emitiram os laudos e forneceram as placas para cadastro no SGI (Sistema de Gestão Integrada da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade). Isso faz toda diferença na hora da verificação metrológica”, reforçou.
Expansão
Apesar de ter sido desenvolvido para avaliação de modelo, verificação inicial e subsequente obrigatória de mototaxímetros, o DAVID, ou pelo menos partes dele, pode ser utilizado para avaliação de outros instrumentos de medição. “Todos os instrumentos que têm software podem ser verificados pelo mesmo protocolo do DAVID”, explica o pesquisador do Sinst, Eduardo Júnior. Um exemplo é a automação prevista na Portaria nº 559 de 2016, que permitirá que os consumidores confiram, pelo celular, se a quantidade abastecida de combustível está, de fato, correta.
“O DAVID é o embrião da verificação de integridade. À medida que a utilização dá certo, a primeira expansão que se pensa é para o taxímetro. Mas o ideal é que houvesse um dispositivo automático para cada instrumento”, avalia Bruno Erthal. Os benefícios são variados: proteção de relações comerciais, redução nas disputas entre fornecedores, controle de fraude, coleta de taxas em sistemas produtivos, entre outros.