.: Preparado sólido artificial para
refresco (pó para refresco) :.
Resumo da Análise
Normas e Documentos de Referência
Responsáveis pelos Ensaios
Marcas Analisadas
Informações das Marcas
Analisadas
Ensaios Realizados e Resultados
Observados
Conclusões
Conseqüências
Resumo da Análise
A análise de conformidade realizada no produto
preparado sólido artificial para refresco vai ao encontro
do Procedimento Geral do Programa de Análise de Produtos do Inmetro
quanto à seleção dos produtos, priorizando aqueles de consumo intensivo
e extensivo pela sociedade e que estejam relacionados à questões
que envolvam a saúde da população.
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Os preparados
artificiais sólidos para refresco, popularmente conhecidos
como pó para refresco, já estão perfeitamente
integrados ao dia-a-dia do consumidor brasileiro, dada
à sua facilidade de preparo, ao seu rendimento e ao seu
preço de mercado, bastante inferior, se comparado às bebidas
prontas para o consumo, como os refrigerantes, por exemplo,
o que o torna mais acessível economicamente, principalmente
para as populações de renda mais baixa.
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O público-alvo principal
deste produto são as crianças, como pode ser comprovado pelos comerciais
de TV que, na maioria das vezes, utilizam temas e personagens infantis
para anunciar o produto. Elas se sentem atraídas, principalmente,
pela diversidade de sabores existentes e pela coloração variada
que o produto adquire ao ser diluído em água.
Essa coloração é a característica
principal deste produto e lhe é conferida através da adição de corantes
à sua formulação.
Os aditivos de cor podem
ser qualquer corante, pigmento ou substância que confira cor quando
adicionado ou aplicado aos alimentos, medicamentos, cosméticos ou
ao corpo humano.
A utilização de corantes
em alimentos já é uma técnica antiga, praticada pelos egípcios há
3.500 anos, sendo introduzida na Europa alguns séculos antes de
Cristo.
Os corantes podem ser usados
em uma grande variedade de produtos alimentícios, incluindo biscoitos,
cereais, sorvetes, bebidas, queijos, produtos de confeitaria, entre
outros, com o objetivo de:
- compensar a perda de cor decorrente da
exposição à luz, ar, temperaturas extremas, umidade e armazenamento
do produto;
- corrigir variações naturais da cor (alimentos
sem cor são associados, geralmente, e de forma incorreta, à baixa
qualidade);
- intensificar as cores, o que ocorre naturalmente,
porém em níveis mais baixos; estabelecer uma identidade de cor
entre o produto final, que a princípio seria descolorido, e o
alimento que o origina (exemplo: a adição de corantes vermelhos
a sorvetes de sabor morango);
- proteger o sabor e o valor nutritivo
de alimentos que poderiam ser afetados pela incidência de luz
durante o armazenamento.
A utilização de aditivos
em alimentos sempre foi alvo de polêmicas em função do possível
mal que tais substâncias poderiam provocar ao organismo.
Em 1900, não havia regulamentação
para os oitenta corantes usados para colorir alimentos. A mesma
matéria corante usada para tingir tecidos poderia ser encontrada
em um alimento.
De lá para cá, muita coisa
mudou em termos de legislação. Foram criadas classes funcionais,
estabelecidos limites de tolerância e estipulados quais aditivos
poderiam ser utilizados para cada tipo de alimento.
Entretanto, os aditivos
utilizados em alimentos ainda podem representar risco à saúde humana.
Eles são um dos responsáveis pelo desenvolvimento de processos alérgicos
em pessoas, principalmente naquelas que tenham organismos mais sensíveis
a ingestão de determinados alimentos que contenham, em sua formulação,
este tipo de produto.
De acordo com relatório
da Campanha Nacional contra a Asma, organizada pela AESSRA (Allergy
& Enviromental Sensitivity Support & Research Association
of Australia), em noventa por cento dos casos de crianças com asma
e em sessenta por cento dos adultos, essa doença é causada por alergias.
Um ataque de asma acontece
quando uma pessoa que possua irritação das vias aéreas é exposta
a fatores, ambientais ou não, que provoquem excesso de secreção
de muco, inchaço dos tecidos das passagens aéreas dos pulmões, dificultando
a respiração, e causando espasmos. Os sintomas típicos da asma são:
chiado no peito, respiração curta e tosse.
A asma pode ser provocada
por alimentos ou por qualquer outra substância a qual a pessoa seja
alérgica ou sensível. Por exemplo: leite, trigo, ovos, peixe, aditivos
de alimentos (como a tartrazina ou o dióxido de enxofre),
poeira, pólen, mofo, fumaça de cigarro, dióxido de nitrogênio (expelido
pelo cano de descarga dos automóveis), entre outros.
Com base nos dados relatados,
o Inmetro decidiu realizar análise de conformidade em amostras de
12 (doze) diferentes marcas de pó para refresco, que foram
submetidas a ensaios que verificaram características sensoriais,
microbiológicas, físico-químicas e de rotulagem.
Normas e Documentos de Referência
Para a realização dos ensaios
foram utilizadas as seguintes normas:
- Resolução nº 12, de março de 1978, da
Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (estabelece
os padrões de identidade e qualidade)
- Portaria nº 451, de 19 de setembro de
1997, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
(estabelece os critérios e padrões microbiológicos para alimentos)
- Lei 8.078/90 Código de Defesa
do Consumidor (rotulagem)
- Resolução nº 04, de 24 de novembro de
1988, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (estabelece
os limites máximos para aditivos, entre eles, os corantes, que
podem ser adicionados aos alimentos)
Laboratório Responsável Pelos Ensaios
Os ensaios foram realizados pelo Laboratório
Central de Saúde Pública Noel Nutels, da Secretaria de Estado
de Saúde do Rio de Janeiro, integrante da Rede Nacional dos Laboratórios
Oficiais de Controle da Qualidade em Saúde, credenciado pelo Ministério
da Saúde e laboratório de referência na área de análise de produtos
alimentícios.
Marcas Analisadas
A análise foi precedida
de uma pesquisa de mercado realizada em 10 (dez) Estados: Goiás,
Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e identificou
39 (trinta e nove) marcas, de 21 (vinte e um) diferentes fabricantes
de pó para refresco.
Considerando que uma das
diretrizes do Programa é analisar a tendência de conformidade do
produto, não sendo necessário, portanto, analisar todas as marcas
disponíveis no mercado nacional, foram selecionadas, com base na
dispersão geográfica e na tradição e participação de cada marca
no mercado nacional, 12 (doze) marcas de pó para refresco
para que fossem submetidas aos ensaios de conformidade.
Informações das Marcas Analisadas
Com relação às informações
contidas na homepage sobre o resultados dos ensaios, você vai observar
que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um
período de 90 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:
- As informações geradas pelo Programa
de Análise de Produtos são pontuais, podendo ficar desatualizadas
após pouco tempo. Em vista disso, tanto um produto analisado e
julgado adequado para consumo pode tornar-se impróprio, como o
inverso, desde que o fabricante tenha tomado medidas imediatas
de melhoria da qualidade, como temos freqüentemente observado.
Só a certificação dá ao consumidor a confiança de que uma determinada
marca de produto está de acordo com os requisitos estabelecidos
nas normas e regulamentos técnicos aplicáveis. Os produtos certificados
são aqueles comercializados com a marca de certificação do Inmetro,
objetos de um acompanhamento regular, através de ensaios, auditorias
de fábricas e fiscalização nos postos de venda, o que propicia
uma atualização regular das informações geradas.
- Após a divulgação dos resultados, promovemos
reuniões com fabricantes, consumidores, laboratórios de ensaio,
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnica e outras entidades
que possam ter interesse em melhorar a qualidade do produto em
questão. Nesta reunião, são definidas ações para um melhor atendimento
do mercado. O acompanhamento que fazemos pode levar à necessidade
de repetição da análise, após um período de, aproximadamente,
de 1 ano. Durante o período em que os fabricantes estão se adequando
e promovendo ações de melhoria, julgamos mais justo e confiável,
tanto em relação aos fabricantes quanto aos consumidores, não
identificar as marcas que foram reprovadas.
- Uma última razão diz respeito ao fato
de a INTERNET ser acessada por todas as partes do mundo e informações
desatualizadas sobre os produtos nacionais poderiam acarretar
sérias conseqüências sociais e econômicas para o país.
Ensaios Realizados e Resultados Observados
De acordo com solicitação
do laboratório responsável pelos ensaios, foram comprados 400g de
cada marca selecionada de pó para refresco, para que fossem
realizados os seguintes ensaios de conformidade:
- Rotulagem
- Características físico-químicas
- Características microbiológicas
- Características sensoriais
- Rotulagem
A análise de rotulagem
tem por objetivo verificar se o rótulo, ou embalagem, do produto
fornece todas as informações necessárias para o consumidor, tais
como: prazo de validade/data de vencimento, informações a respeito
do fabricante/importador, rótulo traduzido para o português, no
caso de produto importado, e características básicas do produto,
como por exemplo, sua formulação.
Todas as amostras das
marcas analisadas foram consideradas Conformes.
Entretanto, cabe ressaltar
a particularidade encontrada na amostra analisada da marca Royal
(sabor limão), onde o rótulo da marca em questão declara a presença
do corante artificial Amarelo Crepúsculo em sua composição, não
detectado durante a realização dos ensaios físico-químicos (para
maiores detalhes ver item 6.b. deste relatório).
Segundo o artigo 6º, item
III, do Código de Proteção e Defesa do Consumidor:
"São direitos
básicos do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, ..."
- Características
Físico-Químicas
Nesta classe de ensaios
objetiva-se verificar se as amostras de pó para refresco
analisadas atendem aos padrões de qualidade e identidade definidos
pela legislação vigente.
Este ensaio está diretamente
relacionado à análise da rotulagem, pois verifica a conformidade
das informações declaradas pelos fabricantes na embalagem de seus
produtos quanto à formulação, verificando, através de pesquisa:
- se os aditivos, principalmente, os corantes
declarados no rótulo estão de acordo com o resultado da pesquisa
realizada;
- se os aditivos encontrados são permitidos;
- se estão dentro dos limites estabelecidos
pela legislação vigente para aditivos intencionais.
Neste ensaio, apenas a amostra
de uma marca foi considerada Não Conforme, porque, de acordo com
o resultado da pesquisa:
- não foi detectada a presença do corante
Amarelo Crepúsculo, declarado no rótulo do produto;
- foi encontrado o corante Amarelo Tartrazina,
que não constava na formulação do produto.
- não foi detectada a presença do corante
Amarelo Crepúsculo, declarado no rótulo do produto;
- foi encontrado o corante Amarelo Tartrazina,
que não constava na formulação do produto.
Embora a adição dos corantes
citados acima seja permitida pela Resolução nº 04/88, a não conformidade
detectada pode ser considerada preocupante, por representar um risco
em potencial para a saúde dos consumidores, principalmente, para
aquelas pessoas que são alérgicas a determinados tipos de corantes,
caso ingiram alimentos que os possuam, e que baseiam sua decisão
de compra a partir das informações presentes na rotulagem do produto.
Cabe ressaltar que nenhum
corante não permitido foi encontrado durante os ensaios.
- Características
Microbiológicas
Os ensaios dessa classe
avaliam a conformidade do produto em relação aos seguintes parâmetros
microbiológicos:
- Salmonellas: ausência em 25g
- Bolores e Leveduras: máximo: 5x103/g
- Coliformes de Origem Fecal: máximo 10/g
Em relação às possíveis
contaminações microbiológicas que o produto pode vir a sofrer, a
mais preocupante é a que se refere à contaminação por Salmonella,
bactéria patogênica encontrada no intestino dos animais.
A contaminação por bactérias
desta classe pode ocorrer através de manipulação inadequada do produto
ou através da matéria-prima utilizada e que, mesmo em pequenas quantidades,
pode causar, principalmente, problemas gastrointestinais e dores
de cabeça, seguidas de vômito, diarréia e febre.
A contaminação por bolor,
vulgarmente conhecido como mofo, está relacionada, principalmente,
à problemas de conservação e armazenamento do produto. Entretanto,
não representa risco para a saúde humana, principalmente, porque
o consumidor dificilmente ingerirá um produto contaminado por este
tipo de fungo, já que, quando manifestado, ele é perceptível a olho
nu, além de deixar cheiro e sabor característicos no alimento.
A pesquisa de bactérias
da classe Coliformes é indicativa das condições higiênicas de processamento
e de armazenamento dos produtos. Quanto maior o número de bactérias
dessa classe, mais deficientes são as condições de higiene na fabricação,
menor a durabilidade do produto e maiores os riscos à saúde dos
consumidores.
Todas as amostras das
marcas analisadas foram consideradas Conformes.
- Características
Sensoriais
Este ensaio procura avaliar,
conforme definido na Resolução nº 12/78, características inerentes
ao produto e à matéria-prima utilizada para sua fabricação, tais
como:
- Aparência: pó fino ou granulado
e homogêneo
- Cor: de acordo com os componentes,
ou seja, em função do sabor descrito no rótulo do produto
- Cheiro: próprio
- Sabor: próprio
Todas as amostras das
marcas analisadas foram consideradas Conformes.
Conclusões
Os resultados dos ensaios
realizados nas amostras de preparado sólido artificial para refresco
evidenciam que a tendência, em termos da qualidade, dos produtos
encontrados no mercado nacional é de apresentar-se de acordo com
os parâmetros legais vigentes.
Das 12 (doze) marcas analisadas,
apenas uma, o que representa somente 8% (oito por cento) do total
verificado, foi considerada Não Conforme.
A não conformidade detectada
na amostra dessa marca limão refere-se, primeiramente, à indicação,
na rotulagem do produto, da presença do corante Amarelo Crepúsculo
na sua formulação, que não foi encontrado pela pesquisa de aditivos
realizada. Além disso, essa pesquisa detectou a presença do corante
Amarelo Tartrazina, não declarado no rótulo do produto pelo fabricante
e que também apresenta potencial alergênico, ou seja, que pode causar
alergia.
Essa diferença entre a formulação
declarada no rótulo e a composição real do produto, determinada
a partir da pesquisa realizada, pode representar um risco em potencial,
principalmente, para aquelas pessoas que são alérgicas a certos
corantes e que baseiam sua decisão de compra a partir da análise
da rotulagem do produto.
Entretanto, segundo posicionamento
do fabricante, tal não conformidade já foi corrigida, através de
mudança do rótulo, fato este confirmado através de análise de nova
embalagem enviada pelo fabricante ao Programa de Análise de Produtos.
De acordo com o Procedimento
Geral do Programa de Análise de produtos do Inmetro, após recebimento
dos laudos, cópias destes foram enviadas para os Ministérios da
Saúde e da Agricultura e do Abastecimento e para a Associação Brasileira
das Indústrias de Alimentação ABIA, para que ficassem cientes
dos resultados encontrados e, caso achassem conveniente, se posicionassem
a respeito.
Conseqüências
DATA |
AÇÕES |
15/08/1999 |
Divulgação no Programa Fantástico - Rede
Globo de Televisão
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