.: Pilhas Alcalinas e Zinco - Manganês :. Objetivo ObjetivoA apresentação dos resultados obtidos nos ensaios realizados em amostras de Pilhas consiste em uma das etapas do Programa de Análise de Produtos, coordenado pela Divisão de Orientação e Incentivo à Qualidade, da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro e que tem por objetivos:
Deve ser destacado que estes ensaios não se destinam a aprovar marcas, modelos ou lotes de produtos. O fato das amostras analisadas estarem ou não de acordo com as especificações contidas em uma norma/regulamento técnico, indica uma tendência do setor em termos de qualidade. Além disso, as análises coordenadas pelo Inmetro, através do Programa de Análise de Produtos, têm caráter pontual, ou seja, são uma "fotografia" da realidade, pois retratam a situação do mercado naquele período em que as análises são conduzidas. JustificativaA análise realizada em amostras de pilhas vai ao encontro das diretrizes descritas no procedimento do Programa de Análise de Produtos, visto que é um produto de consumo intensivo pela população e cujas características estão relacionadas à saúde dos consumidores e ao meio ambiente. Atualmente, as pilhas são tão importantes em nosso cotidiano que é difícil imaginarmos como seria a vida sem elas. Estão presentes em computadores, relógios, equipamentos médicos tipo marcapasso, telefones, calculadoras, rádios, automóveis, etc. Os avanços tecnológicos no desenvolvimento de pilhas fazem parte de patentes industriais, cujos segredos não são revelados ao público. Mas todo esse avanço tecnológico, que vem acompanhando o desenvolvimento das pilhas ao longo dos anos, não teria ocorrido, se há 200 anos o Físico italiano Alessandro Volta (1745-1827) não tivesse inventado a primeira pilha elétrica, que era constituída por um conjunto de placas de zinco e de cobre, empilhadas alternadamente e separadas por algodão embebido numa solução de ácido sulfúrico. A construção dessa pilha trouxe, na época, conseqüências extremamente positivas para o crescimento da ciência, pois ajudaria a desenvolver os fundamentos da eletricidade e abrir caminho para a construção dos diversos tipos de pilhas que existiram ao longo do tempo até evoluírem aos modelos que existem atualmente (ver figura 1). Esta análise contempla dois tipos de pilha: a comum ou seca e a alcalina, em função da maior utilização destas por parte da sociedade. A pilha comum ou seca é formada por um cilindro de zinco metálico, que funciona como ânodo, separado das demais espécies químicas presentes na pilha por um papel poroso. Dá voltagem de 1,5V, e é extensivamente usada em lanternas, rádios portáteis, gravadores, brinquedos, flashes, etc. O cátodo é o eletrodo central. Este, consiste de grafite coberto por uma camada de dióxido de manganês, carvão em pó e uma pasta úmida contendo cloreto de amônio e cloreto de zinco. Esta pilha tem caráter ácido, devido a presença de cloreto de amônio. A expressão pilha seca é apenas uma designação comercial que foi criada há muitos anos para diferenciar este tipo de pilha (revolucionário na época) das pilhas até então conhecidas, que utilizavam recipientes com soluções aquosas, como a pilha de Daniell. Já a pilha alcalina, possui mistura eletrolítica que contém hidróxido de potássio ou de sódio (bases), ao invés de cloreto de amônio (sal ácido), e o ânodo é feito de zinco altamente poroso, que permite uma oxidação mais rápida em relação ao zinco utilizado na pilha seca comum. Dá voltagem de 1,5 V, e não é recarregável. Comparando-a com a pilha seca comun, a alcalina é mais cara, mantém a voltagem constante por mais tempo e dura cerca de cinco vezes mais. Isso ocorre porque o hidróxido de sódio ou potássio é melhor condutor eletrolítico, resultando uma resistência interna da pilha muito menor do que na pilha comum ou seca.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABINEE, o Brasil foi o primeiro país da América do Sul a criar uma regulamentação específica para pilhas e baterias. As resoluções números 257 e 263, que orientam o descarte apropriado de pilhas e baterias após o uso e limitam a quantidade de metais potencialmente perigosos (mercúrio, cádmio e chumbo) na composição de tais produtos, foram publicadas em 1999 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. Apesar de ser um produto relativamente barato, a pilha, quando não fabricada de acordo com as normas, pode oferecer riscos à saúde do consumidor e ao meio ambiente. Neste relatório são
apresentadas as descrições dos ensaios realizados,
as não conformidades detectadas, as principais conclusões
a respeito dos resultados encontrados na análise em amostras
de pilhas, bem como cuidados que o consumidor deve observar em relação
ao produto. Normas e Documentos de Referência
Laboratório Responsavel pelos EnsaiosOs ensaios foram realizados pelo Laboratório de Eletro-Eletrônica LABELO, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. O laboratório é acreditado pelo Inmetro para a realização de ensaios laboratoriais em diversos produtos elétricos. Marcas AnalisadasA análise foi precedida por uma pesquisa de mercado realizada em 05 estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Maranhão e Pernambuco. Foram encontradas 15 marcas, de 8 fabricantes diferentes, sendo 5 marcas importadas. Considerando que uma das diretrizes do Programa é analisar a tendência da qualidade do produto em relação às normas e regulamentos técnicos pertinentes, não é necessário analisar todas as marcas disponíveis de um produto no mercado nacional. Portanto, foram selecionadas 08 marcas de pilhas, de 06 fabricantes. A seleção foi feita com base em critérios que envolvem a participação no mercado e a regionalização dos produtos. Foram compradas marcas consideradas tradicionais e líderes de mercado, assim como outras de menor participação, fabricadas por empresas de médio e pequeno porte e também as marcas de origem estrangeira. As tabelas a seguir relacionam os fabricantes/importadores e as marcas que tiveram amostras de seus produtos analisadas, bem como os locais onde as amostras foram adquiridas. Tabela 1
Pilhas Zinco Manganês (tipo AA e AAA)
Tabela 2 Pilhas Alcalinas
(tipo AA e AAA)
Ensaios Realizados e Resultados ObtidosForam compradas 36 amostras de cada uma das marcas selecionadas, independentemente do tipo (alcalina ou zinco manganês), mas todas do mesmo lote . Os ensaios realizados foram divididos nas seguintes categorias: Pilhas Alcalinas De acordo com o art.6ş, inciso III do Código de Defesa do Consumidor, "a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem constitui direito básico do consumidor". As informações sobre o produto devem constar em material informativo, acompanhando a pilha, em folheto, etiqueta ou adesivo, devendo ser de fácil leitura e compreensão. Essas informações são as seguintes:
Resultados obtidos: De uma maneira geral, todas as marcas apresentaram estas informações, porém, as marcas J / L e G / H não apresentaram de forma clara para o consumidor a validade do produto (mês em que o produto perde a validade).As pilhas comuns e alcalinas, utilizadas em rádios, gravadores, walkman, brinquedos, lanternas etc, podem ser jogadas no lixo doméstico, sem qualquer risco ao meio ambiente, conforme determinação da Resolução CONAMA 257, e, por isso, não precisam ser recolhidas e nem depositadas em aterros especiais. Isto porque os fabricantes nacionais e os importadores legalizados já comercializam no mercado brasileiro pilhas que atendem perfeitamente as determinações do CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente no que diz respeito aos limites máximos de metais pesados em suas constituições. O símbolo ao lado representa a informação de que a sua pilha deve ser depositada/descartada em lixo doméstico. 2) Dimensões das pilhas Este ensaio visa verificar se a pilha possui o tamanho adequado para sua utilização no porta-pilhas do equipamento do consumidor e encontra-se descrito no item 5 e nas tabelas de especificações da norma IEC60086-2. Tamanho AA (pilha pequena)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. Tamanho AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. 3) Ensaios de marcação: Esta categoria de ensaios visa identificar a pilha e a categoria a que ela se destina, através das seguintes informações: designação, código do fabricante, polaridade de terminais (quando aplicável), tensão nominal e nome ou marca comercial. Pilha AA (pilha pequena)
Resultados obtidos: Das 06 (seis) marcas analisadas, 02 (duas) foram consideradas Não Conformes (Marca J e Marca G), por não explicitarem ao consumidor o prazo máximo para utilização de suas pilhas, informando apenas o ano, dando ao consumidor a impressão de que as mesmas podem ser utilizadas por todo o ano descrito. * A informação sobre a expiração do produto está em inglês, dificultando o entendimento do consumidor. Esta informação vai de encontro ao art. 31 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê que "a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores". ** Esta informação é confusa para o consumidor, pois não estipula o prazo exato de utilização da pilha. O fabricante deve estipular mês e ano para a utilização do produto, sob pena deste perder a eficiência que dele se espera. Pilha AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Das
05 (cinco) marcas analisadas, 02 (duas) foram consideradas Não
Conformes (Marca L e Marca G), por não explicitarem
ao consumidor o prazo máximo para utilização
de suas pilhas, informando apenas o ano, dando ao consumidor a impressão
de que as mesmas podem ser utilizadas por todo o ano descrito. * A informação sobre a expiração do produto está em inglês, dificultando o entendimento do consumidor. Esta informação vai de encontro ao art. 31 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê que "a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores". ** Esta informação é confusa para o consumidor, pois não estipula o prazo exato de utilização da pilha. O fabricante deve estipular mês e ano para a utilização do produto, sob pena deste perder a eficiência que dele se espera. 4) Ensaio de tensão máxima de circuito aberto Tensão máxima de circuito aberto é a tensão máxima que a pilha pode ter quando nova, de modo a não danificar o equipamento em que será depositada. A tensão máxima de circuito aberto não deve exceder ao valor especificado na norma. Como a tensão nominal é de 1,5 V, o valor encontrado não poderá exceder 1,725 V. Pilha AA (pilha pequena)
Pilha AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. Comentário: A norma prevê que este ensaio seja realizado nove vezes, com pilhas diferentes.5) Ensaio de duração mínima Este ensaio define o tempo mínimo de duração que a pilha, por força da norma, é obrigada a ter. Neste ensaio deve-se:
Pilha AA (pilha pequena)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item.Comentário: As pilhas foram ensaiadas com uma carga de 3,9Ω com ciclos diários de 1 hora, durante 4 horas. Pilha AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. Comentário: As pilhas foram ensaiadas com uma carga de 10 () com ciclos diários de 1 hora, durante 5 horas. Pilhas Zinco-Manganês 1) Ensaio de marcação Esta categoria de ensaios visa identificar a pilha e a categoria a que ela se destina, através das seguintes informações: designação, código do fabricante, polaridade de terminais (quando aplicável), tensão nominal e nome ou marca comercial. Pilha AA (pilha pequena)
Pilha AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. 2) Ensaio de tensão máxima de circuito aberto Tensão máxima de circuito aberto é a tensão máxima que a pilha pode ter quando nova, de modo a não danificar o equipamento em que será depositada. A tensão máxima de circuito aberto não deve exceder ao valor especificado na norma. Como a tensão nominal é de 1,5 V, o valor encontrado não poderá exceder 1,725 V. Pilha AA (pilha pequena) - Marca A
- Marca C
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. Comentário: Medição realizada em circuito aberto.
3) Ensaio de duração mínima Este ensaio define o tempo mínimo de duração que a pilha, por força da norma, é obrigada a ter. Neste ensaio deve-se:
Pilha AA (pilha pequena)
Pilha AAA (pilha palito)
Resultados obtidos: Todas as amostras atenderam este item. Comentário: As pilhas foram ensaiadas com uma carga de 300Ω com ciclos diários de 12 horas, durante 168 horas.Atendimento à Resolução Nş 257, do Conama A Resolução 257, de 30 de junho de 1999, do Conama, traz orientações sobre os diversos tipos de pilha, composições possíveis, educação e descarte, informações relevantes para o consumidor. De acordo com o art.13, parágrafo único, "os fabricantes e importadores deverão identificar os produtos descritos no caput deste artigo, mediante a aposição nas embalagens e, quando couber, nos produtos, de símbolo que permita ao usuário distinguí-los dos demais tipos de pilhas e baterias comercializados". Nesse sentido, o Inmetro avaliou se todas as embalagens de pilhas adquiridas traziam as informações de composição e descarte, de modo a contemplar o descrito na Resolução do Conama. Os resultados comprovaram que todas as marcas adquiridas traziam estas informações. Ensaio de Duração Máxima Este ensaio não está descrito na norma deste produto, tendo sido realizado com o intuito de simular o uso contínuo em brinquedos, estabelecendo comparativamente a durabilidade máxima apresentada pelas pilhas de diversos fabricantes, de modo a favorecer a escolha do consumidor. As pilhas foram descarregadas através de uma carga de 3,9 Ω, até atingir o valor de tensão limite para descarga. A carga, a tensão final e o tempo mínimo de duração estão definidos na Norma IEC 60086-2.
Resultado GeralA tabela apresentada a seguir descreve os resultados obtidos pelas amostras de cada uma das marcas analisadas e o resultado geral, de acordo com as características das pilhas (zinco-manganês ou alcalinas).
Pilhas Alcalinas
Pela observação do resultado geral da análise realizada em pilhas alcalinas, conclui-se que as marcas Eveready Gold e Energizer, foram consideradas NÃO CONFORMES. Ou seja, o índice de conformidade para este tipo de pilha foi de 71,43%. A Não Conformidade ocorreu pelo fato destas pilhas não informarem, na marcação, mês e ano de utilização, conforme disposto na norma e sim , somente o ano.
Pilhas Zinco-manganês
Pela observação do resultado geral da análise realizada em pilhas zinco-manganês, pode-se concluir que todas as amostras analisadas foram consideradas CONFORMES.
Dicas para o Consumidor
1) Riscos ao consumidor decorrentes dos principais metais presentes nas pilhas disponíveis no mercado
O número de elementos metálicos que oferecem risco de contaminação é relativamente pequeno. O Quadro abaixo apresenta os principais efeitos à saúde provocados por alguns metais presentes nas pilhas.
Fontes: Agency for Toxic Substances and Disease Registry - ASTDR (2002); United States Protection Agency - USEPA (2002); World Health Organization - WHO (2002). * Esses metais estão incluídos na Lista "TOP 20" da USEPA, entre as 20 substâncias mais perigosas à saúde e ao ambiente: Cd, Cr, Hg, Pb (Comprehensive Environmental Response, Compensation and Liability Act- CERCLA 2002). ** Agente Teratogênico é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente na vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função da descendência. ***As pilhas analisadas não demonstraram apresentar riscos à saúde do consumidor, mas é importante estar atento para o seu descarte, pois este pode ser danoso ao meio ambiente, se realizado de maneira inadequada.
2) Riscos ao meio ambiente, decorrentes do descarte inadequado de pilhas No final da década de 1970, surgiram os primeiros sinais de alerta sobre os perigos de se descartar baterias e pilhas usadas junto com o resíduo comum. Até a década de 1980, normalmente eram utilizadas para uso doméstico as baterias em forma de bastonetes, principalmente de Zn-C, as quais, quando exauridas, eram descartadas junto com o resíduo domiciliar. No final dessa década, em alguns países da Europa, surgiu a preocupação em relação aos riscos que representa a disposição inadequada desses resíduos, o que motivou a busca de mecanismos para seu gerenciamento, visando minimizar os riscos sanitários e ambientais. Até 1985, todas as pilhas, exceto as de lítio, continham mercúrio metálico - um metal pesado, não biodegradável, extremamente tóxico à saúde e ao ambiente - em proporções variadas (de 0,01% a 30%). Após o advento do transistor e do conseqüente surgimento de inúmeros equipamentos movidos à bateria, foram sendo desenvolvidos novos tipos de pilhas e baterias. A alta potência de alguns tipos deve-se à presença,w em sua composição, além de metais pesados, de outros aditivos potencialmente perigosos à saúde e ao ambiente. As novas tecnologias trouxeram consigo novas questões ambientais e sanitárias a serem estudadas que, atualmente, encontram-se amplamente debatidas e estudadas no mundo industrializado. No Brasil, as pilhas e baterias exauridas são descartadas no lixo comum por falta de conhecimento dos riscos que representam à saúde humana e ao ambiente, ou por carência de outra alternativa de descarte. Esses produtos contêm metais pesados como mercúrio, chumbo, cádmio, níquel, entre outros. Esses metais, sendo bioacumulativos, depositam-se no organismo, afetando suas funções orgânicas. Outras substâncias tóxicas presentes nesses produtos podem atingir e contaminar os lençóis freáticos, comprometendo a qualidade desses meios e seu uso posterior como fontes de abastecimento de água e de produção de alimentos. No Brasil, até a década de 1990, não se cogitava sobre a questão da contaminação ambiental por pilhas e baterias usadas. No entanto, desde 1999, o país possui legislação específica que dispõe sobre pilhas e baterias que contêm mercúrio, chumbo e cádmio (Resoluções CONAMA: n.ş 257, de 30/06/99; e no 263, de 12/11/99). Mas, essa medida legal, embora necessária e em vigor, mostra-se insuficiente para solucionar, na prática, o problema do descarte inadequado desses resíduos. Desde sua publicação, muita informação desencontrada tem sido gerada. A origem de toda a polêmica está na generalização de que todas as pilhas e baterias usadas devem ser classificadas como resíduos perigosos. Na verdade, ainda não há estudos suficientes que comprovem a necessidade de se recolher outros tipos de pilhas e baterias, além dos especificados na referida legislação, embora já haja, nos países da União Européia entre outros, forte pressão para que todos os tipos sejam coletados, tratados e dispostos adequadamente, em função da constante evolução da tecnologia, com utilização de novos materiais e do aumento progressivo do consumo desses produtos. Além disso, no caso brasileiro, deve-se alertar para a questão de outros tipos de pilhas e baterias, que mesmo não contendo os metais (cádmio, mercúrio e chumbo) referidos nas Resoluções CONAMA em vigor, em função do volume e da velocidade de geração de seus resíduos, como também da composição desconhecida de alguns tipos, representam atualmente problemas ambientais, tornando-se tão prejudiciais como os resíduos das pilhas e baterias regulamentadas.
3) O mercado paralelo de pilhas irregulares Um outro problema relacionado a este produto é o mercado paralelo de pilhas irregulares, ou seja, fabricadas ilicitamente. Fora das especificações do Conama, essas pilhas são altamente tóxicas e perigosas para a saúde. Para que elas sejam retiradas do mercado, além da fiscalização do governo, os consumidores precisam fiscalizar as pilhas que compram e exigir que as informações sobre a origem do produto estejam claras. Pilhas de 1,5 volt produzidas na Ásia e comercializadas de forma ilícita no Brasil, a preços muito inferiores aos das nacionais, são um embuste para o consumidor e um grande perigo à saúde e ao meio ambiente. De acordo com a estimativa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), cerca de 40% das pilhas vendidas no País são ilegais. Fabricadas com teores de metais pesados - cádmio, chumbo e mercúrio - até sete vezes superiores aos permitidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), as pilhas asiáticas, de uso doméstico, vazam com facilidade. A Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, apresentou em pesquisa, dois modelos de pilhas irregulares que estouraram até um ano e meio antes do prazo de validade, afirmando que "isso ocorre porque a blindagem que envolve a pasta na qual ocorrem as reações químicas geradoras de corrente elétrica é feita de papelão e não de aço. Elas têm um componente muito atrativo, que é o preço. No entanto, além da fragilidade, têm baixa durabilidade, exigindo uma reposição intensa. Como, geralmente, são jogadas no lixo doméstico e não recebem tratamento especial, entram em deterioração e contaminam o meio ambiente com metais pesados". Segundo a resolução 257/99 do Conama, desde 1.ş de janeiro de 2000, pilhas e baterias fabricadas, importadas e comercializadas no Brasil devem ter até 0,025% em peso de mercúrio, até 0,025% em peso de cádmio e até 0,4% em peso de chumbo quando forem do tipo zinco-manganês e alcalina-manganês, comumente usadas em rádios, brinquedos, câmeras, calculadoras e telefones. A mesma resolução determina que, desde janeiro de 2001, os padrões devem ser ainda menores: respectivamente 0,01%, 0,015% e 0,02%. As pilhas asiáticas, não trazem na embalagem a indicação do fabricante e do importador e nem orientações para o descarte do produto. Além disso, as poucas informações vêm em idioma estrangeiro. O Inmetro, recentemente, recebeu através de ofício do Ministério Público de Tianguá , denúncia de pilha irregular posta em circulação no estado do Ceará. Trata-se de imitação idêntica da famosa pilha "Rayovac", contendo a mesma apresentação visual e, inclusive, a inscrição "as amarelinhas", alcunha com a qual ficou conhecido o produto original (vide figura 2, abaixo).
Posicionamento dos Fabricantes
Após a conclusão dos ensaios, os fabricantes/importadores que tiveram amostras de seus produtos analisadas receberam cópias dos laudos de seus respectivos produtos, enviadas pelo Inmetro, tendo sido dado um prazo de 7 (sete) dias úteis para que se manifestassem a respeito dos resultados obtidos. A seguir, são relacionados os fabricantes/importadores que se manifestaram formalmente, através de faxes enviados ao Inmetro, e trechos de seus respectivos posicionamentos:
(...) "Em atendimento ao disposto no fax encaminhado por V.Sa, relativo aos relatórios em referência, esta empresa vem apresentar sua manifestação , fazendo-o baseado nas razões a seguir expendidas. Em ambos os relatórios, sob o título "Marcação", item 4.1.6, o resultado obtido foi no sentido das amostras não terem atendido esse item sob o argumento de que "na pilha está indicado apenas 2009 e na cartela usar antes de 2009". Ocorre, no entanto, que as cartelas, contendo as pilhas, são as unidades de venda ao consumidor e varejo brasileiro, de tal sorte que as pilhas alcalinas "Energizer" e "Eveready" não são vendidas unitária e/ou separadamente. Assim, o impresso na pilha, em um retângulo, corresponde exatamente ao ano constante, também, em um retângulo na cartela, cuja venda somente é feita em conjunto, ficando assim, o consumidor esclarecido de que o produto é válido até o fim do ano mencionado, tornando desnecessário seja reproduzida esta expressão no corpo da pilha (...)" Inmetro: De acordo com o art. 6ş, III, constitui-se direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Sendo assim, não basta informar ao consumidor o ano de vencimento da pilha, mas também o mês relativo ao ano informado, pois somente a informação do ano dá a idéia de que o consumidor pode utilizar o produto pelo ano inteiro.
(...) "Considerando a análise de amostras da pilha da marca Duracell, tamanho AA, fornecidas pelo Inmetro ao laboratório emitente e uma vez atendidos todos os itens elencados no Relatório de Ensaio, a "Gilette" não tem comentários adicionais".
(...)"Tendo em vista que todos os testes receberam a observação " A amostra atende este item", nada temos contra os resultados apresentados e numerados".
ConclusõesDe acordo com os resultados encontrados na análise em pilhas, podemos concluir que a tendência do produto comercializado no mercado nacional é de estar Conforme em relação aos requisitos normativos, apesar de 02 (duas) marcas terem apresentado problemas de rotulagem, que deverão ser observadas pelos fabricantes, para posterior alteração. É importante observar que existem pilhas importadas irregulares, que podem causar sérios riscos à saúde e ao meio ambiente, sendo importante que os consumidores detenham esta informação e comprem, usem e descartem as pilhas adquiridas responsavelmente. Ainda em relação às pilhas, devemos estar atentos à sua composição e descarte, pois algumas possuem materiais tóxicos, danosos à saúde humana e seu descarte inadequado, além de ser danoso ao ser humano, também o é para o meio ambiente, uma vez que, com as chuvas, tais componentes contaminam os lençóis freáticos.
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