.: Cal Hidratada :.
Objetivo
Justificativa
Normas e Documentos de Referência
Laboratório Responsável pelos
Ensaios
Marcas Analisadas
Ensaios Realizados e Resultados Obtidos
Resultado Geral
Posicionamento dos Fabricantes
Informações ao
Consumidor
Conclusões
Conseqüências
Objetivo
A apresentação
dos resultados obtidos nos ensaios realizados em amostras de Cal
Hidratada consiste em uma das etapas do Programa de Análise
de Produtos, coordenado pela Divisão de Orientação
e Incentivo à Qualidade, da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro
e que tem por objetivos:
- Prover mecanismos para que o Inmetro
mantenha o consumidor brasileiro informado sobre a adequação
dos produtos e serviços aos Regulamentos e às Normas
Técnicas, contribuindo para que ele faça escolhas
melhor fundamentadas, tornando-o mais consciente de seus direitos
e responsabilidades;
- Fornecer subsídios para a indústria
nacional melhorar continuamente a qualidade de seus produtos,
tornando-a mais competitiva;
- Diferenciar os produtos disponíveis
no mercado nacional em relação à sua qualidade,
tornando a concorrência mais equalizada;
- Tornar o consumidor parte efetiva deste
processo de melhoria da qualidade da indústria nacional.
Deve ser destacado que estes
ensaios não se destinam a aprovar marcas, modelos ou lotes
de produtos. O fato das amostras analisadas estarem ou não
de acordo com as especificações contidas em uma norma
/ regulamento técnico indica uma tendência do setor
em termos de qualidade. Além disso, as análises coordenadas
pelo Inmetro, através do Programa de Análise de Produtos,
têm caráter pontual, ou seja, são uma "fotografia"
da realidade, que retratam a situação do mercado naquele
período em que as análises são conduzidas
Justificativa
A análise das amostras
de cal hidratada está de acordo com o procedimento do Programa
de Análise de Produtos, visto que é um produto muito
consumido e observa-se que o consumidor necessita de maiores informações,
corretas e claras, na obtenção deste produto nos pontos
de venda, a fim de que o produto adquirido atenda realmente às
suas necessidades, garantindo o atendimento ao Código de
Proteção e Defesa do Consumidor.
O Inmetro recebeu, no final
do ano de 2002, solicitação do Departamento de Proteção
e Defesa do Consumidor - DPDC para realizar análise em algumas
marcas, a fim de verificar a conformidade destas em relação
à normalização vigente, em função
de denúncias feitas a este Departamento sobre a possível
prática lesiva aos consumidores em função da
comercialização de cal hidratada em não conformidade
com as normas. Foram denunciadas 23 marcas, das quais somente foram
encontradas 14 das marcas denunciadas. Entretanto, pôde-se
a partir desta amostragem, verificar a situação do
mercado de cal hidratada.
Em virtude dessas denúncias
e da oportunidade de verificar o comprometimento do setor produtivo
com a qualidade, principalmente após a primeira análise,
quando 80 % das marcas obtiveram resultados não conformes,
tornou-se necessário verificar novamente a tendência
da qualidade das marcas disponíveis no mercado nacional.
A cal é um aglomerante
aéreo, ou seja, é um produto que reage em contato
com o ar. Nesta reação, os componentes da cal se transformam
em um material tão rígido quanto a rocha original
(o calcário) utilizada para fabricar o produto.
A cal pode ser considerada
o produto manufaturado mais antigo da humanidade. Há registros
do uso deste produto que datam de antes de Cristo. Um exemplo disto
é a muralha da China, onde pode-se encontrar, em alguns trechos
da obra, uma mistura bem compactada de terra argilosa e cal.
Pela diversidade de aplicações,
a cal está entre os dez produtos de origem mineral de maior
consumo no planeta. Estima-se que sua produção mundial
esteja em torno de 145 milhões de toneladas por ano. O Brasil
produz cerca de 6 milhões de toneladas por ano, o que significa
um consumo "per capita" 36 kg por ano. Sua utilização
engloba as indústrias siderúrgicas, para remoção
de impurezas; o setor ambiental, no tratamento de resíduos
industriais; as indústrias de papel e o setor de construção
civil. Neste último, este produto é utilizado como
pintura, como argamassa para estuques e reboco, onde o uso para
restauração de prédios históricos está
cada vez mais difundido.
A argamassa é aquela
massa colocada nas paredes, antes da pintura, geralmente composta
de cal hidratada, areia e água, muito utilizada pelo setor
da construção civil no "acabamento" das
obras. O papel da cal nesta mistura é justamente unir os
outros materiais, servindo como um aglomerante para formar aquela
"pasta" que o pedreiro "cola" na parede. Por
ser um produto muito fino, a cal, funciona como um perfeito lubrificante,
que reduz o atrito entre os grãos da areia presentes na argamassa,
proporcionando uma boa "liga" à massa, ainda fresca,
o que permite uma melhor aplicação.
Além disso, o uso
da cal faz com que a argamassa se deforme até um certo limite,
permitindo absorver impactos e esforços sem que ocorra logo
a formação de pequenas rachaduras ou fissuras na massa
da parede.
O objetivo desta análise
foi avaliar a tendência da qualidade da cal hidratada para
argamassas, em relação às normas técnicas
brasileiras existentes para o produto.
Neste relatório são
apresentadas as descrições dos ensaios realizados,
as não conformidades detectadas e as principais conclusões
a respeito dos resultados encontrados, bem como conselhos de utilização
e cuidados que o consumidor deve observar em relação
ao produto
Normas e Documentos
de Referência
- NBR 7175: 06/1992 – Cal hidratada para
argamassas;
- NBR 9289: 07/2000 – Cal hidratada para
argamassas – Determinação da finura;
- NBR 9205: 12/2001 – Cal hidratada para
argamassas – Determinação da estabilidade;
- NBR 9206: 07/2003 – Cal hidratada para
argamassas – Determinação da plasticidade;
- NBR 9206: 03/2000 – Cal hidratada para
argamassas – Determinação da capacidade de incorporação
de areia no plastômero de Voss;
- NBR 9290: 04/1996 – Cal hidratada para
argamassas – Determinação de retenção
de água;
- NBR 6473: 04/1996 – Cal virgem e cal
hidratada – Análise química;
- Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990,
do Ministério da Justiça (Código de Proteção
e Defesa do Consumidor).
Laboratório Responsável pelos Ensaios
Os ensaios foram realizados pelo Laboratório
de Química de Materiais e pelo Laboratório de Construção
Civil, ambos do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
localizado em São Paulo e ligado à Secretaria da Ciência,
Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado
de São Paulo.
Marcas Analisadas
Com relação às informações
contidas na homepage sobre o resultados dos ensaios, você vai observar
que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um
período de 90 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:
- As informações geradas pelo Programa
de Análise de Produtos são pontuais, podendo ficar desatualizadas
após pouco tempo. Em vista disso, tanto um produto analisado e
julgado adequado para consumo pode tornar-se impróprio, como o
inverso, desde que o fabricante tenha tomado medidas imediatas
de melhoria da qualidade, como temos freqüentemente observado.
Só a certificação dá ao consumidor a confiança de que uma determinada
marca de produto está de acordo com os requisitos estabelecidos
nas normas e regulamentos técnicos aplicáveis. Os produtos certificados
são aqueles comercializados com a marca de certificação do Inmetro,
objetos de um acompanhamento regular, através de ensaios, auditorias
de fábricas e fiscalização nos postos de venda, o que propicia
uma atualização regular das informações geradas.
- Após a divulgação dos resultados, promovemos
reuniões com fabricantes, consumidores, laboratórios de ensaio,
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnica e outras entidades
que possam ter interesse em melhorar a qualidade do produto em
questão. Nesta reunião, são definidas ações para um melhor atendimento
do mercado. O acompanhamento que fazemos pode levar à necessidade
de repetição da análise, após um período de, aproximadamente,
de 1 ano. Durante o período em que os fabricantes estão se adequando
e promovendo ações de melhoria, julgamos mais justo e confiável,
tanto em relação aos fabricantes quanto aos consumidores, não
identificar as marcas que foram reprovadas.
- Uma última razão diz respeito ao fato
de a INTERNET ser acessada por todas as partes do mundo e informações
desatualizadas sobre os produtos nacionais poderiam acarretar
sérias conseqüências sociais e econômicas para o país.
Ensaios Realizados e Resultados Obtidos
Amostragem
Foram comprados, no mínimo, dois
sacos de cada marca de cal hidratada, sendo que um saco foi destinado
aos ensaios descritos pelas normas técnicas enquanto o outro,
de mesmo lote e data de fabricação, foi reservado
para o caso de uma possível reanálise.
Ensaios
É importante destacar
que a cal hidratada pode ser classificada em três tipos: CH
I, CH II e CH III. Todos os tipos têm que ser submetidos aos
mesmos ensaios mas as exigências de resultados melhores para
a cal CH I são maiores do que para a CH II, que exigem mais
do que para a CH III. Isto significa que se o consumidor quiser
uma cal mais "pura" ele deve adquirir uma CH I, já
que para ser definida desta maneira, seus resultados obedecem a
limites acima dos exigidos para a CH III. O tipo CH II seria o meio
termo.
Esta informação
deve estar presente na embalagem do produto e foi com base nela
que as amostras foram classificadas e avaliadas. Caso o fabricante
não informasse qual o tipo da cal, seria estipulado o tipo
CH III, por ter os limites mais brandos, e permitidos pela norma.
Para que o consumidor possa
compreender adequadamente os termos utilizados na descrição
dos ensaios, segue um pequeno glossário com as definições
principais:
- Traço: proporção
entre os componentes da argamassa. Por exemplo: traço 1:2
- 1 porção de cal hidratada para 2 porções
de areia;
- Calcinação: queima
controlada do material no forno;
- Aglomerante: que faz com que ocorra
a "liga", ou seja, unifica os materiais;
- Granulometria: fornece informação
do tamanho e a proporção de todos os "grãos"
que constituem o material;
- Acabamento: em uma obra, significa
a etapa de construção destinada a parte estética,
por exemplo: colocação de azulejos, pintura, argamassa,
metais das louças, etc;
- Trabalhabilidade: capacidade da
argamassa de ser bem manuseada, ou seja, que o pedreiro tenha
facilidade ao colocar a argamassa na parede. A argamassa deve
estar no ponto ótimo e não "seca" demais
nem "molhada" demais;
Os ensaios realizados foram
divididos nas seguintes categorias:
Ensaios Químicos:
Esta categoria de ensaios
tem por objetivo verificar a "pureza" da cal hidratada,
avaliando o processo de fabricação do produto e a
qualidade da sua matéria prima. Os ensaios químicos
têm influência direta sobre o desempenho do produto.
Além disso, a partir
desses ensaios, pode-se verificar a existência de impurezas
na matéria prima da cal hidratada. Quanto maior a porcentagem
de impurezas, menor será a quantidade de cal que o consumidor
estará efetivamente comprando.
O processo de fabricação
da cal hidratada consiste na calcinação da matéria
prima, ou seja, queima de rochas. Desta queima, o resultado é
a cal virgem ou cal aérea. A cal hidratada é obtida
a partir da adição de água na cal virgem e
sua qualidade química depende das características
e das impurezas contidas na rocha que lhe deu origem e do processo
de calcinação de sua matéria prima.
Nesta categoria, encaixam-se
os seguintes ensaios:
Anidrido Carbônico (CO2):
O anidrido carbônico, ou gás
carbônico, é liberado na queima das rochas que formarão
a cal virgem. Se a rocha que deu origem à cal foi pouco "queimada",
diminui o seu poder de "colar" na parede e de unir os
outros constituintes da argamassa.
Logo, neste ensaio "queima-se"
a cal e verifica-se o quanto de gás carbônico foi liberado.
Das 15 marcas analisadas, 4 marcas, foram
consideradas NÃO CONFORMES.
Óxidos Não Hidratados:
Este ensaio avalia a quantidade de cal virgem
que não hidratou com a água. Quanto maior essa quantidade,
menor a fração de cal hidratada efetivamente no produto
final e, quanto menos cal hidratada, menor o poder de "colar"
a argamassa terá. Esse ensaio também verifica se há
possibilidade de ocorrer o surgimento de pequenas "bolhinhas"
na parede, que podem surgir na argamassa depois de seca, na parede.
Todas as 15 marcas analisadas foram consideradas
CONFORMES.
Óxidos Totais:
Quanto maior for a fração
de impurezas presentes na amostra, menor será a fração
de óxidos totais. Pode-se dizer então que este ensaio
verifica a qualidade da matéria prima utilizada na fabricação
da cal hidratada.
Todas as 15 marcas analisadas
foram consideradas CONFORMES.
Neste ensaio, a amostra
da marca S teve resultado considerado Não Conforme.
Após a reanálise, concedida pelo Inmetro, o resultado
obtido estava em conformidade com as normas.
Durante a etapa de posicionamento,
o fabricante desta marca de cal hidratada, solicitou reanálise
da sua amostra. O Inmetro possibilita a realização
de uma nova análise diante da comprovação de
que o fabricante realiza um controle de qualidade periódico
do seu produto. Outro ponto importante que complementou a justificativa
de uma reanálise, foi que no primeiro ensaio desta marca
obteve-se um resultado muito próximo do valor exigido pela
norma para o requisito de óxidos totais, conforme pode ser
observado na tabela abaixo:
Valor Exigido
|
Resultado da 1ª
Análise
|
Resultado da Reanálise
|
88 %
|
86,2 %
|
88,2 %
|
A reanálise foi acompanhada
por representantes do fabricante, em todas as etapas, e o resultado
obtido foi acima do valor limite. Logo, diante dos resultados apresentados
e da comprovação do controle de qualidade, feita pela
empresa, observa-se que a rotina do controle de qualidade da fabricação
é monitorada com pequenas variações em cima
do valor limite, conforme pode ser visto no histórico de
resultados enviado para o Inmetro, onde, dentre 28 resultados para
óxidos totais, 2 estavam um pouco abaixo do limite exigido,
o que envolve também causas na variação natural
de composição da própria matéria-prima.
Em resumo, na categoria
de Ensaios Químicos, das 15 marcas analisadas, 4 foram consideradas
NÃO CONFORMES.
Ensaios Físicos:
Os ensaios que pertencem
a esta categoria verificam se a cal foi bem moída no processo
de fabricação, se é econômica, se é
boa para o pedreiro trabalhar com ela e se a argamassa desta cal
retém a água da mistura ou a perde para a parede onde
a argamassa foi assentada.
Finura:
Neste ensaio faz-se um peneiramento das
amostras, em duas peneiras diferentes, e verifica-se quanto de material
ficou retido em cada peneira. A norma especifica um valor máximo
para estas quantidades, por que quantidades maiores do que as especificadas
demonstram que a cal não foi bem moída.
Das 15 marcas
analisadas, 4 marcas foram consideradas NÃO CONFORMES.
Plasticidade:
Este ensaio avalia se a argamassa feita
com a amostra de cal está bem trabalhável, ou seja,
se tem uma boa plasticidade. Uma mistura com boa plasticidade permite
uma maior qualidade no serviço, pois facilita o trabalho
do pedreiro no manuseamento da argamassa.
Todas as
15 marcas analisadas foram consideradas CONFORMES.
Retenção de Água:
A água utilizada na argamassa não
deve ser, rapidamente, perdida para os tijolos ou para a estrutura
de concreto onde esta argamassa foi aplicada, caso contrário,
a argamassa poderá apresentar pequenas rachaduras, depois
de seca, comprometendo a beleza da argamassa colocada na parede.
Este ensaio avalia então a capacidade da cal reter água.
Das 15 marcas
analisadas, 2 foram consideradas NÃO CONFORMES.
Incorporação de Areia:
A argamassa é constituída
de areia, água e cal hidratada. Se o pedreiro puder acrescentar
mais areia na argamassa, sem prejudicar seu desempenho, mais econômica
será a cal. Logo este teste verifica se a quantidade de areia
incorporada na argamassa atende a um valor mínimo.
Das 15 marcas analisadas, 2 foram consideradas
NÃO CONFORMES.
Estabilidade:
Este ensaio verifica a presença
de substâncias expansivas na cal hidratada, ou seja, que têm
a tendência de reagir depois que a argamassa já está
colocada e seca na parede. Pode ocorrer então uma expansão
de volume dos grãos da argamassa e descolamento de pedaços
de argamassa da parede.
Todas as 15 marcas analisadas
foram consideradas CONFORMES.
Em resumo, na categoria
de Ensaios Físicos, das 15 marcas analisadas, 5 foram consideradas
NÃO CONFORMES.
O gráfico a seguir
relaciona o número de não conformidades detectadas
em cada uma das marcas analisadas.
Resultado Geral
A tabela apresentada a seguir descreve os resultados
obtidos pelas amostras de cada uma das marcas analisadas e o resultado
geral:
Ensaios Químicos
|
Ensaios Físicos
|
Marcas
|
Anidrido Carbônico
(CO2)
|
Óxidos Não
Hidratados (CaO+MgO)
|
Óxidos Totais (Cao+MgO)
|
Finura Peneiras n° 30 /
200
|
Plasticidade
|
Retenção
de Água
|
Incorporação
de Areia
|
Estabilidade
|
Resultado Geral
|
Marca B
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca C
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca G
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca I
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca J
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca L
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca M
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca O
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca Q
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca R
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca S(*)
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme*
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme(*)
|
Marca T
|
Não conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Não conforme
|
Conforme
|
Não conforme
|
Marca X
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca A1
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Marca B1
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
Conforme
|
(*) A marca S obteve o resultado
não conforme para "óxidos totais" na primeira
análise. Após a reanálise o resultado foi de
conformidade com os requisitos analisados.
De acordo com a tabela anterior,
podemos citar as seguintes afirmações para os requisitos
- 27 % das amostras analisadas foram consideradas
Não Conformes com os requisitos para Anidrido Carbônico,
que avalia a calcinação da cal hidratada;
- Todas as amostras analisadas foram consideradas
Conformes com os requisitos para Óxidos Não
Hidratados, que verificam a porcentagem de cal hidratada presente
na amostra;
- Todas as amostras analisadas foram consideradas
Conformes em relação ao ensaio de Óxidos
Totais, que dizem respeito à pureza da amostra;
- 27 % das amostras analisadas foram consideradas
Não Conformes em relação aos ensaios
de Finura, que diz respeito a capacidade de reagir do produto;
- Todas as amostras analisadas foram consideradas
Conformes em relação aos ensaios referentes
à Plasticidade, que determinam a trabalhabilidade do produto;
- 13 % das amostras analisadas foram consideradas
Não Conformes em relação aos ensaios
de Retenção de Água, que diz respeito a perda
da água de reação para o meio de contato,
que seriam as paredes onde a argamassa seria aplicada;
- 13 % das amostras analisadas foram consideradas
Não Conformes em relação aos ensaios
de Incorporação de Areia, que determinam a economia
na utilização da cal hidratada;
- Todas as marcas foram consideradas Conformes
no ensaio de Estabilidade, que verifica a possibilidade de futuros
problemas na argamassa já enrijecida na parede.
Pela observação
do resultado geral da tabela anterior, pode-se concluir que
40 % das amostras analisadas foram consideradas NÃO CONFORMES.
Posicionamento dos Fabricantes
Após a conclusão
dos ensaios, os fabricantes que tiveram amostras de seus produtos
analisadas receberam cópias dos laudos de seus respectivos
produtos, enviadas pelo Inmetro, tendo sido dado um prazo de 10
dias úteis para que se manifestassem a respeito dos resultados
obtidos.
A seguir, são relacionados
os fabricantes que se manifestaram formalmente, através de
faxes enviados ao Inmetro, e trechos de seus respectivos posicionamentos:
Fabricante B. (Marca: B)
"Agradecemos
pelas informações prestadas nos ensaios enviados
em 20.10.03.
Outrossim, informamos
que estamos tomando providências junto a nossos fornecedores
para a adequação do produto as normas NBR 7175.
Desde já,
colocamo-nos a disposição para maiores esclarecimentos."
O Inmetro esclarece
que os ensaios realizados pelo Programa de Análise de
Produtos destinam-se a avaliar a tendência da qualidade
do produto exposto à venda. O intuito desta empresa em
se adequar à norma contribui com um dos objetivos deste
Programa, que é fornecer subsídios para que a
indústria nacional melhore continuamente a qualidade
de seus produtos e serviços.
Fabricante G. (Marca: G)
"Venho por meio
deste procurar esclarecer o motivo pela não conformidade
do nosso produto dentro da NBR 7175 a qual veda nosso produto
em seus aspectos físicos (glanulometria).
"..."
Destacamos que a
composição química e todos os ensaios realizados
em nosso produto tiveram teores dentro dos limites estabelecidos
e, o mais importante que tais amostras não apresentam
indícios de impurezas (misturas) os quais comprometeriam
seriamente a qualidade do nosso produto. O problema físico
diagnosticado será solucionado em curto prazo com um
maior monitoramento das peneiras.
Salientamos que estamos
implantando uma nova central de moagem a qual utiliza mecanismos
que diferem completamente dos utilizados no momento. Estamos
prevendo que em 03 meses esta nova central estará em
pleno funcionamento. Com isso estaremos oferecendo um produto
de qualidade e sem riscos de comprometimento por qualquer motivo."
O Inmetro esclarece
que os ensaios realizados pelo Programa de Análise de
Produtos destinam-se a avaliar a tendência da qualidade
do produto exposto à venda. O intuito desta empresa em
se adequar à norma contribui com um dos objetivos deste
Programa, que é fornecer subsídios para que a
indústria nacional melhore continuamente a qualidade
de seus produtos e serviços.
Fabricante I (Marca:
I)
"Foi com
muita satisfação que recebemos um comunicado deste
conceituado Instituto, de que nosso produto - Cal Hidratada
da Marca I, havia sido analisado e totalmente aprovado.
A iniciativa
do INMETRO, ao analisar produtos dos mais diversos setores,
no intuito de verificar o cumprimento de normas específicas
estabelecidas, vem promovendo o aprimoramento de nossas indústrias
e ao mesmo tempo, alertando os consumidores, quanto a qualidade
dos produtos.
Gostaríamos
de expressar apoio total a estas iniciativas e parabenizá-los
pelo trabalho sério que tem sido realizado."
Fabricante J. (Marca: J)
"Em resposta
aos resultados, conforme relatório de ensaio N 904.160
do dia 01 de outubro de 2003 da tabela 2: Ensaios físicos
e limites especificados, do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
a pedido do cliente: INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia
Normalização e Qualidade Industrial, que através
do Programa de Análises de Produtos, para verificar a
conformidade às Normas e Regulamentos técnicos
aplicáveis, constatou que a CAL HIDRATADA de marca J
não atendeu aos limites especificados (NBR-7175/03: Cal
Hidratada para argamassas - Requisitos), no ensaio de FINURA.
E para o fato da
falha de granulometria ocorrido no ensaio de FINURA, o fabricante
J a partir do momento em que tomou conhecimento da relatório
904.160, tomou as devidas providências "SOLUCIONANDO
O PROBLEMA DE FINURA", regulando o equipamento de produção,
adquirindo instrumentos para uma verificação diária,
para seu controle interno, tendo ainda contratado o DETECT -
Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento Mineral, credenciado
pelo INMETRO, para análises periódicas.
O fabricante J, vem
alertar para o fato de que o produto CAL da marca J teve o relatório
de ensaio N 903.792 do dia 01 de outubro de 2003 da tabela 2:
Análise química e limites especificados - que
após ensaiado, o produto atendeu aos limites especificados
de ANIDRIDO CARBÔNICO, de ÓXIDOS NÃO HIDRATADOS
e de ÓXIDOS TOTAIS, da NBR 7175/03 provando assim, ser
uma cal PURA, sem aditivos ou impurezas."
O Inmetro esclarece
que os ensaios realizados pelo Programa de Análise de
Produtos destinam-se a avaliar a tendência da qualidade
do produto exposto à venda. O intuito desta empresa em
se adequar à norma contribui com um dos objetivos deste
Programa, que é fornecer subsídios para que a
indústria nacional melhore continuamente a qualidade
de seus produtos e serviços.
Fabricante L ( Marca:
L)
"Primeiramente,
gostaríamos de agradecer pela atenção e
orientação para que possamos aprimorar e dar maior
qualidade ao produto em questão.
Com relação
a granulometria na amostra coletada estar fora da especificação,
apontamos o fator humano, pois no processo utilizado depende
deste na inspeção do elemento filtrante em caso
de desgaste prematuro. E notificamos um maior controle junto
a equipe de manutenção preventiva para que não
volte a ocorrer esse tipo de falha."
O Inmetro informa
que essa marca obteve resultado não conforme em outros
requisitos, além da granulometria, como anidrido carbônico,
que avalia se a cal foi bem calcinada e incorporação
de areia, que avalia se a cal é econômica. Logo,
essa empresa deve, além de um maior controle no peneiramento,
deve observar outros quesitos na fabricação do
seu produto.
Fabricante M. (Marca:
M)
"Tendo consciência
que o INMETRO desenvolve o Programa de Análise de Produtos
visando a melhoria da qualidade dos produtos, contribuindo para
a inserção da competitividade e preocupado com
os aspectos relacionados a saúde, segurança e
meio ambiente, conforme o solicitado venho através dessa
informar que no dia 20/10/03 recebemos por via fax o Relatório
de ensaio n.º 904156 feito pelo IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológicas)
a pedido do INMETRO.
" ..."
"Informamos
que de acordo com esses ensaios o fabricante M obedecendo a
essa exigência tem a consciência e sempre em busca
de mais um diferencial se prontifica a procurar o IPT- Instituto
de Pesquisa Tecnológicas ou outro laboratório
credenciado ao INMETRO com o intuito e a necessidade de se adequar
as normas exigidas, mas vale ressaltar que a firma necessita
de um prazo maior para que as mudanças sejam feitas achando
curto o prazo estipulado pelo INMETRO."
O Inmetro esclarece
que os ensaios realizados pelo Programa de Análise de
Produtos destinam-se a avaliar a tendência da qualidade
do produto exposto à venda. Um dos objetivos deste Programa
é fornecer subsídios para que a indústria
nacional melhore continuamente a qualidade de seus produtos
e serviços. Desta maneira, este Programa avalia se os
produtos expostos à venda para o consumidor estão
conformes as normas técnicas brasileiras vigentes, específicas
para cada produto.
O Inmetro não
forneceu prazos para a adequação do produto à
norma específica e sim para o posicionamento dos fabricantes
com relação aos resultados obtidos nessa análise,
permitindo ao fabricante a possibilidade de comentar ou discutir
com o Inmetro o seu resultado antes da divulgação
deste através dos meios de comunicação.
Fabricante Q. (Marca: Q)
"Parabenizamos
à iniciativa do INMETRO com o programa de análise
de produtos, agradecendo assim a oportunidade de demostrar ao
consumidor final a seriedade a qual tratamos nosso produto,
estando a marca Q em conformidade nos quesitos químicos
e físicos exigidos pela NBR-7175 à mais de 2 anos,
conforme relatórios em anexo de amostras auditadas pela
TESIS no programa de controle da qualidade da ABPC (Associação
Brasileira do Produtores de Cal) e analisadas pelo IPT (Instituto
de Pesquisa Tecnológicas), o nosso segredo é transmitir
confiança há mais de 40 anos."
Fabricante S (Marca:
S)
"Conforme fax
recebido em 20/10/2003 tomamos ciência do Relatório
de Ensaio n.º 904 155 emitido pelo IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas, referente ao nosso produto Cal Hidratada
tipo CHII, onde constam os resultados de análise química,
ensaios físicos e limites especificados na NBR 7175/03.
"..."
Solicitamos uma
nova análise do produto Cal Hidratada marca S, visto
que um produto que apresenta resultados bem superiores aos limites
determinados pela NBR 7175/03 para o tipo de cal CHII em todos
os itens, não pode estar não-conforme em relação
aos "Óxidos Totais", pois apresenta um resíduo
insolúvel inferior a 10% (8,23%) que é inversamente
proporcional aos Óxidos Totais."
Diante do argumento
apresentado, o Inmetro concedeu ao fabricante S, que comercializa
a marca S, a reanálise para os ensaios químicos.
Na época, o Inmetro relatou que a oportunidade de reanálise
é concedida pelo Inmetro aos fabricantes que demonstram
possuir em seu processo produtivo algum controle da qualidade
periódico, no qual atestem a conformidade de seu produto.
O fabricante S demonstrou realizar controle de qualidade no
seu produto.
A realização
da reanálise tem por objetivo determinar a extensão
da irregularidade detectada, ou seja, se a mesma afeta todo
o lote de produção ou apenas partes dele.
A reanálise
ocorreu no laboratório do IPT, nos dias 27 e 28 de novembro
de 2003, e foi acompanhada pelos representantes desta empresa,
assim como os critérios para o cálculo dos resultados.
A empresa obteve o resultado conforme para o requisito do ensaio
químico "óxidos totais", demonstrando
que a não conformidade foi pontual, não estendendo-se
a todos os sacos do mesmo lote produzido. Dessa forma, a não
conformidade foi retirada.
Outro ponto importante
que complementou a justificativa de uma reanálise, foi
que o primeiro resultado desta marca obteve resultado muito
próximo do valor exigido pela norma para o requisito
de óxidos totais, conforme pode ser observado na tabela
abaixo:
Valor Exigido
|
Resultado da 1ª
Análise
|
Resultado da Reanálise
|
88 %
|
86,2 %
|
88,2 %
|
Diante dos resultados
apresentados e da comprovação do controle de qualidade
feito pela empresa observa-se que a rotina do controle de qualidade
da fabricação feita por essa empresa é
monitorada com pequenas variações em cima do valor
limite, conforme pode ser visto no histórico de resultados
enviado para o Inmetro, onde dentre 28 resultados para óxidos
totais, 2 estavam um pouco abaixo do limite exigido, o que envolve
também causas na variação natural de composição
da própria matéria-prima. Logo, essa empresa deve
possuir um controle de qualidade mais rigoroso pois os valores
são próximos dos valores limites.
Fabricante A1 (Marca:
A1)
"Com os
nossos cumprimentos, acusamos recebimento de resultados de testes
de um de nossos produtos, Cal Hidratada CHIII.
Salientamos que,
há aproximadamente 15 anos a ABPC (Associação
Brasileira de Produtos de Cal) mantém programa permanente
de acompanhamento de qualidade de nossa cal. Sempre superamos
as exigências da Norma Brasileira.
Na oportunidade,
apresentamos os nossos protestos de elevada estima e distinta
consideração."
Fabricante T. (Marca: T)
"Acusamos o
recebimento do diagnóstico da qualidade do nosso produto
comparado aos padrões requeridos pela norma 7175/03.
Informamos que estaremos
trabalhando para nos adequar aos limites estabelecidos, sendo
que para isso precisamos implementar alguns ajustes em nossa
matéria-prima e também no processo produtivo.
Após efetuarmos
as ações que julgamos necessárias, estaremos
encaminhando amostra ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas
para verificação dos resultados obtidos. Procuraremos
realizar este ciclo de ações até que o
nosso material esteja atendendo às especificações
químicas e físicas estabelecidas.
Quanto às
embalagens, entraremos em contato com o nosso fornecedor para
que nas próximas remessas seja incluído o tipo
e data de validade da cal."
O Inmetro esclarece
que os ensaios realizados pelo Programa de Análise de
Produtos destinam-se a avaliar a tendência da qualidade
do produto exposto à venda. O intuito desta empresa em
se adequar à norma contribui com um dos objetivos deste
Programa, que é fornecer subsídios para que a
indústria nacional melhore continuamente a qualidade
de seus produtos e serviços.
Informações ao Consumidor
O consumidor deve ficar
atento à embalagem ou rotulagem dos produtos a serem comprados
no mercado, de modo a se proteger da compra de produtos adulterados
ou que não se destinam ao uso pretendido pelo consumidor.
Caso a embalagem ou o rótulo do produto não contenha
informações claras, sobre as características
e finalidades de sua utilização, é melhor comprar
outra marca que informe claramente qual o produto está sendo
comercializado. Outras observações também podem
proteger o consumidor, na compra da sua cal hidratada, tais como:
- A designação "CAL
HIDRATADA" deve estar bem visível na embalagem, na
frente e no verso;
- Atenção para produtos que
denominam na embalagem "cal hidratada com adição"
ou "cal hidratada com leucofilito" ou "cal pozolânica".
Esses produtos não possuem norma da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT específica
para realização de testes;
- A embalagem deve conter a especificação
do tipo de cal: se é do tipo CH I, CH II ou CH III, na
frente e no verso do saco de cal;
- A embalagem deve conter ainda o nome
e a marca do fabricante, de forma clara.
Importante: é
comum que produtos adulterados ou "de segunda" não
se designem como "cal hidratada" mas, no nome fantasia
da marca, utilizem a expressão "CAL", buscando
confundir o consumidor, e ocorre com freqüência a comercialização
desses produtos como cal hidratada nas revendas
Comentários
O Inmetro recebeu, em janeiro
de 2003, solicitação para a realização
de análise em cal hidratada, devido ao recebimento de diversas
denúncias pelo Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor - DPDC, a respeito de marcas de cal hidratada expostas
à venda para o consumidor em não conformidade com
as normas brasileiras. Devido a isto, o Inmetro decidiu reanalisar
o produto cal hidratada.
Na análise realizada
em 1996, apenas 01 marca foi considerada conforme em um total de
05 marcas analisadas, o que correspondeu a um total de 20 % de conformidade.
Na análise atual,
observamos um total de 09 marcas conformes, o que define 60 % de
conformidade, das 15 marcas selecionadas que confirmam ser cal hidratada.
Entretanto, o Inmetro evidenciou que o consumidor está sujeito
a comprar outros produtos pensando se tratar de cal hidratada.
Ao avaliarmos o posicionamento
dos fabricantes, pudemos observar que, ao buscar pela cal hidratada,
obtivemos três tipos de produtos: a cal hidratada, a cal virgem
mais filito e o produto que se define somente como filito. Esta
situação demonstra que o consumidor pode ser lesado
no sentido de adquirir um produto que não é o esperado
para sua compra. Observamos que, apesar de em algumas embalagens
o fabricante escrever que seu produto não é cal, o
mesmo é vendido como cal ou substituto da cal. Esta confusão
é corroborada com o próprio nome do produto, já
que quase todos que dizem que seu produto não é cal
apresentam a palavra cal na sua marca.
As seguintes marcas alegam
que o seu produto não é cal hidratada: F, U e V. Outros
produtores definem seu produto como cal, porém adicionada
de outros materiais, como o filito, por exemplo, logo não
se encaixariam na definição de cal hidratada. É
o caso das seguintes marcas: E, H, N, Z, P, A e D.
De modo a contar com auxílio
técnico necessário diante deste problema, o Inmetro
entrou em contato com o Departamento de Engenharia da Universidade
de São Paulo - USP, mais precisamente com a professora Maria
Alba Cinccoto, que forneceu-nos as seguinte informações
em parecer técnico, juntamente com o professor Vanderley
M. John:
"...o filito não
tem condições para atuar como aglomerante em argamassas.
Uma característica mais importante do que a plasticidade
é a retenção de água. A cal se caracteriza
por conferir retenção de água às argamassas.
Em estudo realizado pelo IPT, para a Associação Brasileira
dos Produtores de Cal, a argamassa com filito apresentou retenção
de água mais baixa. Por não reter água, o oficial
pedreiro teve que adicioná-la à medida que foi aplicando
a massa, de modo a manter a mesma trabalhabilidade. Na prática,
isso significa alterar a relação água/materiais
secos, o que afeta as propriedades da argamassa endurecida."
"..não
existem no Brasil jazidas conhecidas de materiais naturais com atividade
pozolânica....Sendo um material natural, a sua composição
é muito variável . Existem também variações
de terminologia regionais, podendo o termo filito significar diferentes
minerais, já que não existe padronização.
Só esta característica já poderia impedir o
seu emprego, em substituição a um produto industrial
(cal hidratada), perfeitamente caracterizado e de qualidade controlada."
"...Alertamos para
o fato de que não existe qualquer controle sobre o grau de
hidratação da cal virgem misturada ao filito, uma
vez que é utilizada a umidade habitualmente presente no filito,
que é variável. Na hipótese de a cal não
consumir toda essa umidade na hidratação, parte da
massa da mistura comercializada é de água. Caso a
cal consuma toda a água presente, resta ainda o risco de
hidratação apenas parcial, que poderá ser completada
após o endurecimento da argamassa, causando expansão
do revestimento ou da camada de assentamento..."
"...Estes produtos
não poderão ser comercializados como substituto da
cal, uma vez que comparativamente, não conferem as mesmas
propriedades.
A cal sendo um aglomerante,
contribui com propriedades relativas à proporção
de substituição do cimento. O filito não sendo
um aglomerante, participa da contribuição da areia
para as propriedades da argamassa. Portanto, não são
materiais comparáveis no que diz respeito ao desempenho da
argamassa aplicada, especialmente no estado endurecido, que mais
interessa ao consumidor e à sociedade."
As marcas que se posicionaram
alegando que o seu produto é apenas um plastificante para
argamassas e não possui cal, deveriam apresentar informações
claras de modo a não infringir os direitos básicos
do consumidor, precisamente o art. 6° que afirma que as "informações
devem ser claras e adequadas sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço...". O consumidor,
assim como o Inmetro, está sujeito a comprar este produto
de maneira errônea, devido a falta de clareza nas informações
e devido ao próprio nome da marca, que possui, em todos os
casos deste tipo, o fonema "cal".
Conclusões
O Inmetro selecionou
para essa análise 25 marcas, que foram adquiridas no mercado
como se fossem cal hidratada. Posteriormente, verificou-se que 10
marcas, ou seja, 40 % dos produtos adquiridos, não seriam
considerados cal hidratada, segundo seus fabricantes.
Dessa maneira, foram
analisadas, segundo as normas específicas para o produto,
15 marcas. Os resultados encontrados demonstraram que 06 marcas
apresentaram algum tipo de irregularidade, o que demonstra a tendência
do produto em não atender aos requisitos da norma técnica,
apesar desse resultado apresentar uma melhoria em relação
à análise anterior.
Das 12 marcas denunciadas
ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor
-DPDC e solicitadas ao Inmetro, 09 referem-se a empresas que afirmam
que o produto comercializado não se trata de cal, ratificando
a procedência das denúncias e a necessidade de adoção
de medidas para evitar que o consumidor continue a ser lesado por
adquirir um produto que não é de seu intuito e sim
um produto diferente, destinado ao consumidor de baixa renda e com
fins específicos, como argumentado por alguns deles. Ou ainda,
que se trata de um material que serviria como um "plastificante"
da argamassa.
Apesar de alguns fabricantes
alegarem comercializar esse "novo produto" por um preço
mais baixo, o consumidor deve ter acesso à informação
precisa sobre suas características para saber se realmente
atenderá às suas necessidades. E o ponto de venda
também deve ser capaz de prestar tais esclarecimentos.
Dentre as marcas avaliadas,
na análise realizada em 1996, a marca B1 manteve-se em conformidade,
enquanto que a marca N, que antes se tratava de cal, agora afirma
que seu produto não é cal, logo não deve se
adequar à norma. Entretanto, outra marca também analisada
em 1996, a Q, e que, naquela oportunidade, foi considerada não
conforme, na análise atual, demonstra ter implementado as
melhorias necessárias se adequou às normas, obtendo
conformidade em todos os requisitos analisados.
Cabe destacar que o Inmetro
adquiriu todas as amostras como cal hidratada. Além disso,
os nomes da maioria das marcas induzem o consumidor a acreditar
que o produto comercializado trata-se realmente de cal hidratada.
O Inmetro contará
com o auxílio do DPDC, nesta análise, para definir
medidas a serem tomadas por parte dos fabricantes. É importante
que estes produtos contenham informações claras nas
suas embalagens e que o destaque dado ao nome das marcas seja idêntico
àquele conferido às advertências quanto à
composição e aplicabilidade do produto.
Pode-se observar, por
outro lado, uma atitude positiva do setor produtivo de cal hidratada,
através da análise dos posicionamentos enviados ao
Inmetro, dos fabricantes que dizem produzir cal hidratada, considerados
não conformes, no sentido de se adequarem às normas.
Diante do exposto, o
Inmetro, levando em consideração os resultados obtidos,
agendará reunião com os fabricantes que tiveram amostras
de seus produtos analisadas, o laboratório responsável
pelos ensaios, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e entidades representativas do setor produtivo e dos consumidores,
para que se discutam ações de melhoria da qualidade
para o produto.
Conseqüências
DATA
|
AÇÃO
|
17/10/2004
|
Divulgação no Programa Fantástico da
Rede Globo de Televisão
|
|