.: Produtos Derivados de Amendoim (Amendoim
e Paçoca) :.
Objetivo
Justificativa
Normas e Documentos de Referência
Laboratório Responsável pelos Ensaios
Marcas Analisadas
Informações
das Marcas Analisadas
Ensaios Realizados
Resultados Obtidos
Conclusões
Conseqüências
Objetivo
A apresentação dos resultados obtidos nos
ensaios realizados em amostras de produtos derivados de amendoim
(amendoim e paçoca) é parte integrante dos trabalhos do Programa
de Análise de Produtos desenvolvido pelo Inmetro e que tem por objetivos:
- prover mecanismos para que o Inmetro
mantenha o consumidor brasileiro informado sobre a adequação
dos produtos aos Regulamentos e às Normas Técnicas, contribuindo
para que ele faça escolhas melhor fundamentadas, tornando-o
mais consciente de seus direitos e responsabilidades;
- fornecer subsídios para a indústria
nacional melhorar continuamente a qualidade de seus produtos;
- diferenciar os produtos disponíveis
no mercado nacional em relação à sua qualidade, tornando a concorrência
mais equalizada;
- tornar o consumidor parte efetiva deste
processo de melhoria da qualidade da indústria nacional.
Deve ser destacado que estes ensaios não
se destinam a aprovar marcas ou modelos de produtos. O fato das
amostras analisadas estarem ou não de acordo com as especificações
contidas em uma norma/regulamento técnico indica uma tendência do
setor em termos de qualidade, em um determinado tempo. A partir
dos resultados obtidos são definidas, em articulação com as partes
interessadas, as ações necessárias de apoio aos setores produtivos
na busca da melhoria da qualidade dos produtos, tornando o produto
nacional mais competitivo e contribuindo para que o consumidor tenha,
à sua disposição no mercado, produtos adequados às suas necessidades.
Justificativa
A análise da conformidade de produtos
derivados de amendoim segue uma das diretrizes do Procedimento
do Programa de Análise de Produtos no que se refere à seleção de
produtos que sejam de consumo intensivo e extensivo pela sociedade
e que possam afetar a saúde dos consumidores.
O principal ensaio realizado refere-se
à contaminação do produto por aflatoxina. Entretanto, foram realizados
outros ensaios que verificaram as características microscópicas,
microbiológicas e de rotulagem das amostras de paçoca.
A aflatoxina é produzida por um fungo que
contamina o alimento quando este se encontra em condições de umidade
e temperatura ideais. É um dos principais tipos de micotoxina existentes
e seus efeitos em seres humanos e animais são incessantemente pesquisados
em todo o mundo.
Em meados dos anos 50, a Inglaterra descobriu
a primeira incidência da aflatoxina em alimentos. As pesquisas começaram
quando um grande número de animais de pequeno porte começou a morrer
e identificou-se como causa das mortes a ração que os alimentava,
a base de farelo de amendoim que era exportado pelo Brasil.
Entre os principais efeitos à saúde humana
causados pela aflatoxina estão: a hepatite do tipo B, sérios danos
ao sistema nervoso e o câncer primário do fígado.
A Organização Mundial de Saúde já concluiu
que a aflatoxina pode desenvolver câncer primário no fígado do homem.
Isto não significa que, ingerindo aflatoxina, a pessoa fatalmente
contrairá câncer, mas sim, que existe o risco.
No Brasil, os Ministérios da Saúde e da
Agricultura e do Abastecimento possuem legislações que estabelecem
limites apenas para os tipos de aflatoxina B1, G1, B2 e G2, descritas
em ordem de nível de toxicidade.
Normas e Documentos de Referência
- Resolução nº 34, de 19 de janeiro de
1977, da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos
CNNPA, do Ministério da Saúde (estabelece limites máximos
para aflatoxinas em alimentos)
- Portaria nº 451, de 19 de setembro de
1997, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
(estabelece critérios e padrões microbiológicos para alimentos)
- Resolução nº 12, de julho de 1978, da
Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos do Ministério
da Saúde (estabelece padrões de identidade e qualidade para alimentos)
Laboratório Responsável pelos Ensaios
Os ensaios ficaram sob responsabilidade
dos laboratórios da Divisão de Bromatologia e Química do Instituto
Adolfo Lutz, em São Paulo, integrante da Rede Nacional dos Laboratórios
Oficiais de Controle da Qualidade em Saúde, credenciado pelo Ministério
da Saúde e referência na área de análise de produtos alimentícios.
Marcas Analisadas
A análise foi precedida de uma pesquisa
de mercado realizada em 11 (onze) Estados: Amazonas, Pará, Goiás,
Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, e identificou 43 (quarenta
e três) diferentes marcas de amendoim e 32 (trinta e duas)
marcas de paçoca.
Considerando que uma das diretrizes do
Programa é analisar a tendência da conformidade do produto, não
é necessário analisar todas as marcas disponíveis no mercado nacional.
Portanto, foram selecionadas, com base na tradição, regionalização
e participação de cada marca no mercado nacional, 15 (quinze) marcas
de amendoim e 10 (dez) marcas de paçoca, todas elas
nacionais, pois não foram encontradas marcas importadas durante
a pesquisa realizada, para que fossem submetidas aos ensaios de
conformidade.
Com relação às informações
contidas na homepage sobre o resultados dos ensaios, você vai observar
que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um
período de 90 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:
- As informações geradas pelo Programa
de Análise de Produtos são pontuais, podendo ficar desatualizadas
após pouco tempo. Em vista disso, tanto um produto analisado e
julgado adequado para consumo pode tornar-se impróprio, como o
inverso, desde que o fabricante tenha tomado medidas imediatas
de melhoria da qualidade, como temos freqüentemente observado.
Só a certificação dá ao consumidor a confiança de que uma determinada
marca de produto está de acordo com os requisitos estabelecidos
nas normas e regulamentos técnicos aplicáveis. Os produtos certificados
são aqueles comercializados com a marca de certificação do Inmetro,
objetos de um acompanhamento regular, através de ensaios, auditorias
de fábricas e fiscalização nos postos de venda, o que propicia
uma atualização regular das informações geradas.
- Após a divulgação dos resultados, promovemos
reuniões com fabricantes, consumidores, laboratórios de ensaio,
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnica e outras entidades
que possam ter interesse em melhorar a qualidade do produto em
questão. Nesta reunião, são definidas ações para um melhor atendimento
do mercado. O acompanhamento que fazemos pode levar à necessidade
de repetição da análise, após um período de, aproximadamente,
de 1 ano. Durante o período em que os fabricantes estão se adequando
e promovendo ações de melhoria, julgamos mais justo e confiável,
tanto em relação aos fabricantes quanto aos consumidores, não
identificar as marcas que foram reprovadas.
- Uma última razão diz respeito ao fato
de a Internet ser acessada por todas as partes do mundo e informações
desatualizadas sobre os produtos nacionais poderiam acarretar
sérias conseqüências sociais e econômicas para o país.
Ensaios Realizados
Os ensaios realizados verificaram diversas
características das amostras dos produtos analisados que variaram
desde a conformidade das informações presentes nos rótulos das embalagens
até questões que envolvem diretamente a saúde dos consumidores,
como a presença de contaminações microbiológicas e por micotoxinas,
e a prática de fraudes por parte dos fabricantes, identificadas
pela presença de elementos estranhos ao produto.
Foram compradas as seguintes quantidades
para cada tipo de produto analisado:
- Amendoim: 2kg
- Paçoca: 3kg
Essas quantidades visaram atender às solicitações
do laboratório, sendo a metade utilizada para a realização dos ensaios
e a outra metade foi mantida lacrada, em sua embalagem original,
para o caso do fabricante contestar os resultados e fornecer dados
tecnicamente convincentes que determinassem a repetição dos ensaios.
O quadro abaixo lista os produtos analisados
e os ensaios realizados para cada um deles.
Amendoim:
|
- Pesquisa de Aflatoxinas
|
Paçoca:
|
- Características Microbiológica
|
- Características Microscópica
|
- Análise de Rotulage
|
Pesquisa de Aflatoxinas
|
1. Pesquisa
de Aflatoxinas
As micotoxinas são elementos tóxicos, originárias
de fungos, que sob certas condições de umidade, oxigênio e temperatura,
se desenvolvem em produtos agrícolas e alimentos. Elas são estáveis
e termo-resistentes e, portanto, muito difíceis de serem eliminadas
através de controles de temperatura e químicos.
É comprovado cientificamente o vínculo
da ação das micotoxinas com inúmeros problemas de saúde, tanto no
homem como nos animais. A contaminação ocorre com maior freqüência
pela via digestiva através da ingestão de alimentos contaminados,
e sua absorção geralmente provoca reações sob a forma de hemorragias
e necroses. Muitas das micotoxinas têm afinidade por um determinado
órgão ou tecido, sendo o fígado, os rins e o sistema nervoso os
mais afetados.
Entre os principais tipos de micotoxinas
que contaminam grãos estão a(s):
- Aflatoxinas (amendoim, milho e trigo);
- Fusarium (soja, trigo e cevada);
- Ocratoxina (café e cevada);
- Zearalenona (milho e trigo);
- Patulina (soja e milho);
- Oosporeia (milho e soja);
- Sterigmatocistina (arroz e cevada);
- Fumonisina (trigo e arroz)
Apesar da pesquisa e comprovação dos graves
efeitos das micotoxinas em seres humanos e animais ser uma preocupação
mundial, são poucos os países que estabelecem limites máximos, em
suas respectivas legislações, para a presença de micotoxinas além
das aflatoxinas.
A aflatoxina é um dos principais tipos
de micotoxinas existentes e responsável pela contaminação dos grãos
do milho, do trigo e, principalmente, do amendoim.
Os efeitos que a aflatoxina pode causar
dependem da dose e da freqüência com que é ingerida, ou seja, são
cumulativos, e podem ser classificados em: agudo ou sub-agudo.
O efeito agudo é resultante da ingestão de doses elevadas que geram
manifestação e percepção rápidas pois causam alterações irreversíveis
que podem levar o animal à morte. O efeito sub-agudo é o resultado
da ingestão de doses não elevadas e provoca distúrbios e alterações
nos órgãos do homem e dos animais.
Atualmente, sabe-se que a aflatoxina pode
provocar, entre outros problemas: cirrose, necrose do fígado, hemorragia
nos rins, hepatite do tipo B e lesões sérias na pele. Além disso,
os produtos do seu metabolismo no organismo reagem com o DNA, em
nível celular, interferindo com o sistema imunológico do indivíduo
contaminado, reduzindo, com isso, a resistência à doenças.
Outro efeito atribuído à ingestão da aflatoxina,
já comprovado pela Organização Mundial da Saúde, é o câncer de
fígado no homem. Evidentemente, não significa que ingerindo
aflatoxina, o indivíduo, necessariamente, contrairá câncer, mas
sim, que o risco, nesses casos, é maior.
Em relação aos animais, o consumo de farelo
de amendoim, milho, ou de qualquer outro alimento contaminado, pode
causar a morte de animais ou reduzir seu desempenho e desenvolvimento,
além de provocar câncer no fígado em várias espécies.
Todos estes problemas, obviamente, estão
relacionados à quantidade e à freqüência da ingestão de produtos
com aflatoxina e são encontrados com maior incidência em espécies
de animais, entre elas, o homem, que sejam mais susceptíveis aos
efeitos negativos da contaminação (os mais jovens são os mais afetados).
No Brasil, o Ministério da Saúde estabelece,
através da Resolução nº 34, de 19 de janeiro de 1977, da
Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos, o limite máximo
de 30ppb para o somatório das aflatoxinas dos tipos B1 e
G1 encontradas em alimentos em geral.
Além desta Resolução, outra legislação
brasileira também estabelece parâmetros para a presença de aflatoxinas
em alimentos. Em 21 de março de 1996, o Ministério da Agricultura,
do Abastecimento e da Reforma Agrária, através da Portaria nº 183,
internalizou, ou seja, adotou como válida, a Resolução do Grupo
Mercado Comum do Sul MERCOSUL nº 56, de 01 de janeiro de
1995, que estabelece o limite de 20ppb para o somatório das
aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 nos seguintes alimentos: leite, amendoim
e milho.
Apesar de mais rigorosa, essa Portaria
não pode ser utilizada para produtos industrializados, sob responsabilidade
do Ministério da Saúde pois, como foi internalizada apenas pelo
Ministério da Agricultura, ela é aplicável apenas para produtos
in natura.
Em relação aos produtos alimentícios mais
susceptíveis à contaminação pela aflatoxina, a ocorrência é maior
no amendoim e em seus sub-produtos porém, pode contaminar muitos
outros, desde que haja condições favoráveis de umidade e temperatura.
No caso específico do amendoim, a contaminação
pode ocorrer em qualquer uma das diversas etapas do processo produtivo,
desde a colheita até o comércio, porém, sua incidência é maior no
campo, devido às dificuldades de se manter condições de umidade
e temperatura que inibam a proliferação do fungo. Estas condições
podem ser agravadas em função de alguns fatores como: a época de
colheita do amendoim; a posição em que os grãos são colocados após
a colheita; a forma de armazenamento e transporte dos grãos, entre
outros.
Outra característica inerente à contaminação
por aflatoxina é que apenas um grão pode contaminar todo um lote
de produção, daí a dificuldade do agricultor e do fabricante controlarem
a qualidade do produto que chega ao consumidor. Mesmo os fornecedores
que exercem controle rigoroso do produto acabado não podem garantir
que todo o lote esteja isento da micotoxina, uma vez que se a partes
retiradas do lote não apresentam contaminação e, todo o lote é aprovado
para a produção.
Fonte:
As informações aqui presentes foram retiradas do site www.micotoxinas.com.br,
sob responsabilidade técnica do Professor Doutor Homero Fonseca.
2.
Características Microbiológicas
Esta classe de ensaios visa determinar
as possíveis contaminações microbiológicas que o produto pode sofrer
durante o processo produtivo, tanto pela utilização de matéria-prima
inadequada, quanto por questões que envolvem a manipulação, armazenamento
e transporte do produto, seja por parte do fabricante, ou do estabelecimento
que o comercializa.
As principais contaminações microbiológicas
são originadas, geralmente, por organismos como as bactérias, no
caso da Salmonella e os fungos, no caso dos bolores.
Dentre as contaminações, a mais preocupante
é a que se refere às contaminações por Salmonella, bactéria
patogênica encontrada no intestino dos animais.
As contaminações ocasionadas por esta bactéria
podem ser classificadas em: moderadas, que comprometem apenas
as funções intestinais; e severas, podendo comprometer outras
partes do corpo. Sua fonte está relacionada à ingestão de alimentos
contaminados como: carne de frango, leite, ovos, entre outros, ou
ao contato físico com pessoas que já estejam contaminadas, principalmente,
em função de uma higiene pessoal deficiente
Os sintomas variam de pessoa para pessoa
e geralmente ocorrem de 12 a 42 horas após a ingestão de alimentos
contaminados e perduram por 2 a 5 dias. Os principais sintomas são:
enxaquecas, cãibras abdominais, diarréia, náuseas, vômito, febre
e dores musculares. Alguns indivíduos não apresentam sintomas, mas
hospedam a bactéria em seus intestinos, contaminando alimentos,
através da manipulação inadequada, ou outras pessoas.
A contaminação por bolor, vulgarmente conhecido
como mofo, está relacionada, principalmente, à problemas de conservação
e armazenamento do produto.
A pesquisa de bactérias da classe Coliformes
é indicativa das condições higiênicas de processamento e de armazenamento
dos produtos. A presença de bactérias do tipo coliformes fecais
denota que ocorreu contaminação de origem fecal. Essa bactéria é
encontrada nas fezes de animais de sangue quente, inclusive o homem,
e pode ser veículo de transmissão de doenças, como a hepatite, ou
agente causador de problemas gastro-intestinais.
Quanto maior o número de bactérias dessa
classe, mais deficientes são as condições de higiene na fabricação,
menor a durabilidade do produto e maiores os riscos à saúde dos
consumidores.
3. Características
Microscópicas
Os ensaios microscópicos visam verificar
a contaminação do produto pela presença de elementos estranhos como
sujidades, larvas e fragmentos de insetos e parasitos.
A contaminação pode ocorrer tanto na lavoura,
durante a colheita, quanto na produção e processamento dos grãos.
Como a utilização de defensivos agrícolas não é uma alternativa
aceitável para o controle de pragas, o ideal é que haja um maior
controle das condições ambientais de armazenamento, principalmente,
da umidade e da temperatura, a fim de evitar a proliferação de contaminantes
naturais.
Esses contaminantes podem causar risco
à saúde humana pois possuem potencial alergênico, ou seja, podem
provocar alergia.
Este ensaio está diretamente vinculado
à análise de rotulagem pois verifica se o fabricante declara, no
rótulo do produto, todos os ingredientes encontrados que são identificados,
microscopicamente, através de seus elementos histológicos padrões,
ou seja, cada produto, como um cereal, por exemplo, possui, a nível
microscópico, uma particularidade que o caracteriza.
Portanto, o ensaio de Características
Microscópicas, também é realizado com o objetivo de identificar
possíveis fraudes praticadas por fabricantes, através da
utilização de produtos que não são permitidos pela legislação que,
por serem mais baratos, são adicionados ao produto visando baixar
o custo de sua fabricação.
Cabe destacar que a fraude é caracterizada
em função da quantidade de elementos histológicos de cereais não
permitidos que são encontrados. Quando a quantidade é elevada, essa
mistura é classificada como fraude. Entretanto, de acordo com o
Instituto Adolfo Lutz, quando tais elementos são encontrados porém,
em quantidade muito pequena, não podemos caracterizar a mistura
como fraude pois, a adição não é feita intencionalmente e, portanto,
não é classificada como ingrediente. Além disso, a mistura, seja
ela fraude ou não, não representa risco para a saúde da população,
ela está relacionada ao nível de qualidade do produto.
4. Análise
de Rotulagem
A análise de rotulagem tem por objetivo
de verificar se o rótulo, ou embalagem do produto, fornece todas
as informações necessárias para o consumidor, tais como: prazo de
validade/data de vencimento; informações a respeito do fabricante/importador,
como endereço completo e telefone para contato; rótulo traduzido
para o português, no caso de produto importado; e características
básicas do produto como, por exemplo, lista completa com todos os
ingredientes utilizados em sua formulação.
Resultados Obtidos
1. Amendoim:
- Pesquisa
de Aflatoxinas
Neste ensaio, das amostras das 15 (quinze)
marcas de amendoim analisadas, 06 (seis), ou seja, 40% (quarenta
por cento) do total, foram consideradas não conformes por apresentarem
contaminação por aflatoxina acima do limite permitido pelo Ministério
da Saúde.
Nas demais marcas a presença da aflatoxina
não foi detectada.
A tabela abaixo descreve o limite máximo
permitido, os resultados obtidos pelas marcas consideradas não conformes
e observações a respeito do teor de aflatoxina encontrado em cada
uma delas.
Pesquisa de Aflatoxinas
|
Resultado Final
|
Observações
|
AFB1
|
AFG1
|
(Limite Máximo AFB1+AFG1=30m g/kg)
|
|
149,0
|
-
|
149,0
|
cerca de 5 vezes acima do máximo permitido
|
139,0
|
-
|
139,0
|
cerca de 4 vezes e meia acima do máximo permitido
|
582,0
|
-
|
582,0
|
cerca de 20 vezes acima do máximo permitido
|
70,0
|
-
|
70,0
|
cerca de 2 vezes e meia acima do máximo permitido
|
194,0
|
27,0
|
221,0
|
cerca de 7 vezes e meia acima do máximo permitido
|
485,0
|
-
|
485,0
|
cerca de 16 vezes acima do máximo permitido
|
A contaminação do alimento pela aflatoxina
é considerada grave pois representa risco direto à saúde dos consumidores.
A ingestão freqüente e em doses elevadas do alimento contaminado
por este tipo de micotoxina pode causar a médio e longo prazo, pois
os efeitos são cumulativos, podendo variar desde sérios danos ao
sistema nervoso até a ocorrência de câncer primário de fígado, com
incidência comprovada cientificamente em seres humanos.
2. Paçoca (Doce
de Amendoim):
- Características
Microbiológicas
De acordo com a Portaria nº 451, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, estabelece,
para esta classe de produto alimentício, os seguintes parâmetros
microbiológicos:
- Salmonellas: ausência em 25g do produto
- Bactérias do grupo coliforme de origem
fecal: máximo 10NMP/g
- Bolores e Leveduras: máximo 5x103/g
Neste ensaio, todas as amostras das
marcas analisadas foram consideradas conformes.
- Características
Microscópicas
Segundo a Resolução nº 12, de julho de
1978, do Ministério da Saúde, o produto paçoca é definido como:
"produto prensado, preparado com amendoim moído, açúcar
e farinha de mandioca, podendo ser adicionado de pequena quantidade
de cloreto de sódio". Portanto, este ensaio está vinculado
ao ensaio de rotulagem pois verifica, primeiramente, se o fabricante
declara, no rótulo do produto, todos os ingredientes que são encontrados,
identificados microscopicamente a partir de seus elementos histológicos
padrões.
Além disso, este ensaio está vinculado
à identificação de fraude pela mistura ao amendoim de outros cereais
não permitidos pela legislação vigente como: soja, milho e trigo.
Cabe destacar que a presença de cereais
não permitidos não representa risco para a saúde dos consumidores
porém, está relacionada à possibilidade de fraude praticada pelo
fabricante, que se utiliza de cereais mais baratos com o objetivo
de baixar o custo de produção do produto e também está associada
à falta de controle da entrada da matéria-prima.
Neste ensaio, das 10 (dez) marcas
de paçoca analisadas, 04 (quatro), ou seja, 40% (quarenta por
cento) do total analisado, foram consideradas não conformes porque
apresentaram mistura do amendoim com algum tipo de cereal não
permitido pela legislação.
De acordo com a legislação, também não
é permitida a presença de sujidades, larvas e parasitos de qualquer
natureza no produto.
Em nenhuma amostra foi detectada a
presença de sujidades, larvas e parasitos.
A tabela abaixo detalha as não
conformidades encontradas em
cada uma das amostras.
Resultado do Ensaio
|
Conclusão
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e de mandioca.
|
Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim,
soja e amido
de milho.
|
Não Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e amido de trigo.
|
Não Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim,
mandioca e milho.
|
Não Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e amido alterado.
|
Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e fécula de mandioca.
|
Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim,
raros amidos de mandioca e amidos não identificados.
|
Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e amido de milho.
|
Não Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim.
|
Conforme
|
Presença de elementos histológicos de amendoim
e mandioca.
|
Conforme
|
Durante a etapa de posicionamento, um
dos fabricantes enviou fax ao Inmetro informando que, apesar de
permitido, a farinha de mandioca não era adicionada à formulação
do produto e solicitando, pela apresentação de um laudo do mesmo
lote do produto analisado, a realização de outro ensaio a fim
de confirmar tal afirmação.
O novo ensaio foi realizado na presença
de um técnico indicado pela empresa e ratificou o resultado obtido
anteriormente, com a ressalva de que, além da farinha de mandioca,
foram encontrados outros cereais, como milho e trigo, através
da análise microscópica.
Entretanto, de acordo com o laboratório
responsável pelo ensaio, a quantidade detectada não pôde ser caracterizada
como fraude, demonstrando que tais produtos não foram introduzidos
intencionalmente pelo fabricante e que, provavelmente, tais amidos
tenham vindo misturados ao açúcar cristal utilizado na composição
do produto.
De acordo com os parâmetros de identidade
e qualidade estabelecidos, o açúcar deve possuir, no mínimo, 99,3%
de sacarose para ser classificado como cristal e, em consulta
à Gerência Geral de Alimentos GGA da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, foi informado
que os 0,7% restantes da composição do açúcar cristal referem-se
à umidade e possíveis resíduos minerais que o produto pode conter.
Portanto, para este tipo de açúcar, não é tolerada a presença
de amidos de qualquer natureza.
Além disso, a GGA classifica a presença
de grãos de cereais em pequena quantidade na paçoca como "tolerável",
pois o amendoim é uma cultura em geral plantada em pequena escala,
em regime de consórcio ou intercalada com outras culturas básicas,
tais como o milho e o trigo. Nas Normas de Identidade e Qualidade
para amendoim, estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e
do Abastecimento, é prevista e tolerada a presença de matérias
estranhas e impurezas, em limites que podem variar de 0,2% a 2%,
onde estão incluídos os grãos ou sementes de outras espécies vegetais.
Portanto, apesar do produto não apresentar
não conformidade, o fabricante deve exigir de seus fornecedores
de matéria-prima, um açúcar livre de qualquer amido, independente
de sua quantidade.
- Análise
de Rotulagem
Neste ensaio, foram encontradas não
conformidades em 04 (quatro), das 10 (dez) marcas analisadas,
por não declararem no rótulo da embalagem do produto a utilização
de farinha de mandioca na composição da paçoca.
Cabe destacar que a utilização da farinha
de mandioca é permitida, porém deve ser declarada pelo fabricante
na lista de ingredientes que compõem o produto pois, segundo o
parágrafo III, do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor,
é direito básico do consumidor "a informação adequada
e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, COMPOSIÇÃO, qualidade
...".
- Pesquisa
de Aflatoxinas
Das amostras de 10 (dez) marcas de paçoca
analisadas, 03 (três foram consideradas não conformes por apresentarem
contaminação por aflatoxina acima do limite máximo permitido pela
legislação do Ministério da Saúde que é de 30m g/kg para o somatório
dos dois tipos de aflatoxinas considerados mais tóxicos (B1 e G1).
A tabela abaixo apresenta os valores de
aflatoxina encontrados nas amostras de paçoca consideradas não conformes.
Pesquisa de Aflatoxinas
|
Observações
|
AFB1
|
AFG1
|
|
248,0
|
-
|
Cerca de 8 vezes acima do máximo permitido
|
97,0
|
-
|
Cerca de 3 vezes acima do máximo permitido
|
104,0
|
-
|
Cerca de 3 vezes e meia acima do máximo
permitido
|
Assim como no amendoim, a presença da aflatoxina
na paçoca também representa graves riscos à saúde dos consumidores,
principalmente, daqueles que consomem o produto freqüentemente e
em grande quantidade.
Conclusões
Os resultados dos ensaios realizados evidenciam
que a tendência da conformidade dos produtos Amendoim e Paçoca encontrados
no mercado é de se apresentarem não conformes em relação aos padrões
nacionais de identidade e qualidade existentes.
Das 15 (quinze) marcas de Amendoim analisadas,
06 (seis) foram consideradas não conformes, o que representa 40%
(quarenta por cento) do total de marcas selecionadas, no ensaio
que verifica a contaminação do produto por aflatoxina, um tipo de
micotoxina que, tanto em seres humanos, quanto em animais, causa
sérios danos à saúde sendo associada ao câncer primário de fígado.
Estes resultados são preocupantes, pois
esta micotoxina foi encontrada em níveis muito elevados, variando
de 2 (duas) a 20 (vinte) vezes acima do limite máximo de 30m g/kg
permitido pela Resolução do Ministério da Saúde.
Em relação às amostras de Paçoca, 08 (oito)
das 10 (dez) marcas selecionadas para análise, ou seja, 80% (oitenta
por cento) do total, foram consideradas não conformes em, pelo menos,
um dos ensaios realizados.
No ensaio que verifica a presença
da aflatoxina, esta micotoxina também foi encontrada em amostras
de 03 (três) marcas também com níveis elevados, demonstrando
que a provável origem do problema seja o campo, onde, na maioria
das vezes, as condições de colheita e armazenamento dos grãos são
precárias, expondo o produto à situações de risco de contaminação
pelo fungo que produz a micotoxina. Além disso, verifica-se que
o problema não é extensivo só ao amendoim, mas também aos seus derivados.
Três marcas de paçoca foram consideradas
não conformes no ensaio que verifica as características microscópicas
do produto. Nas amostras destas marcas foram encontradas
evidências de fraude, em função do percentual elevado de mistura
do amendoim com outros grãos de cereais não permitidos pela legislação,
como soja, milho e trigo, na formulação do produto, prática que
visa baixar o custo de fabricação do produto.
A análise das informações presentes
nas embalagens das amostras de paçoca identificou não conformidades
em 04 (quatro) marcas que não indicavam, na lista de ingredientes,
a presença de farinha de mandioca, que é permitida, na formulação
do produto.
O gráfico abaixo faz uma relação entre
o número de marcas consideradas conformes e não conformes para cada
um dos produtos analisados.
De acordo com os resultados, verifica-se
um índice elevado de não conformidades nos dois produtos. Além disso,
ambos apresentaram problemas que afetam diretamente a saúde dos
consumidores no que se refere à presença de contaminação por aflatoxina.
Como medidas adotadas, o Inmetro enviará
cópia do relatório para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde, órgão responsável pela fiscalização de produtos
alimentícios industrializados, e para o Ministério da Agricultura
e do Abastecimento, que também regulamente e fiscaliza gêneros alimentícios,
porém com campo de atuação voltado para os produtos in natura,
ou seja, que ainda não passaram por algum processo de industrialização,
para que analisem os resultados obtidos e julguem as medidas cabíveis.
Paralelamente, o Programa de Análise
de Produtos convocará as partes interessadas (fornecedores de matéria-prima,
fabricantes, representantes dos Ministérios, laboratórios, especialistas
e pesquisadores na área de micotoxinas, representantes dos consumidores,
...) para discussão das medidas que devem ser tomadas visando minimizar
o problema, principalmente, no que diz respeito ao controle da aflatoxina
na matéria-prima e no produto acabado.
Conseqüências
DATA
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AÇÕES
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Julho/2000
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Encaminhamento dos laudos com os resultados dos ensaios
realizados pelo Instituto Adolfo Lutz para a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVS
do Ministério da Saúde.
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28/07/2000
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A Diretoria de Alimentos e Toxicologia da ANVS, através
da Resolução nº 89, de 28 de julho
de 2000, determina a interdição dos lotes
das marcas de amendoim e de paçoca analisadas pelo
Programa de Análise de Produtos do INMETRO
que apresentavam contaminação por aflatoxina.
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30/07/2000
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Divulgação no Programa Fantástico
da Rede Globo de Televisão
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01/08/2000
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Divulgação no Jornal O Estado de São
Paulo/SP sobre a fiscalização da Vigilância
Sanitária
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02/08/2000
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Divulgação no Jornal O Globo/RJ
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13/08/2000
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Divulgação no Programa Fantástico
da Rede Globo de Televisão, no quadro Fique de
Olho, sobre as medidas tomadas pela ANVS em função
da análise realizada pelo INMETRO.
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15/08/2000
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Divulgação no Jornal Nacional da Rede Globo
de Televisão
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25/04/2001
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Reunião com representantes da Associação
Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas
e Derivados - ABICAB com o objetivo de apresentar as medidas
tomadas pelo setor visando minimizar os riscos de contaminação
do produto por aflatoxina.
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