.: Alicate Universal - Ferramenta Manual (I) :.
Objetivo ObjetivoA apresentação dos resultados obtidos nos ensaios realizados em Ferramentas Manuais - Alicate é parte integrante dos trabalhos do Programa de Análise de Produtos desenvolvido pelo Inmetro e que tem por objetivos:
JustificativaA análise de conformidade realizada nas amostras de Ferramentas Manuais vai ao encontro do Procedimento Geral do Programa de Análise de Produtos do Inmetro quanto à seleção dos produtos, priorizando aqueles de consumo intensivo e extensivo pela sociedade e que estejam relacionados a questões que envolvam a segurança dos usuários. A reconstrução da evolução humana baseia-se em estudos realizados nos escassos e fragmentados elementos encontrados ao longo da História. Esses elementos são os fósseis humanos e os vestígios de objetos fabricados pelo homem primitivo encontrados por arqueólogos que permitem estimar que há, aproximadamente, 4 milhões de anos, os mais antigos antepassados do homem encontravam-se definitivamente estabelecidos na superfície terrestre. Os vestígios descobertos refletem a evolução humana, permitindo dividir a História em três idades, a partir da matéria-prima utilizada para a "fabricação" destes objetos: Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro, e revelam que o homem, desde os tempos mais remotos, sempre criou instrumentos utilizados com o objetivo de facilitar seus afazeres diários. Os utensílios de uso comum se desenvolveram de acordo com a evolução das culturas primitivas que, por sua vez, foram se aperfeiçoando à medida que materiais mais aptos foram sendo descobertos e novas técnicas de elaboração foram sendo utilizadas. As descobertas mais significativas são as ferramentas feitas de pedra e osso, relacionadas à manutenção das necessidades fundamentais da existência humana: nutrição, moradia e defesa. Ao longo do tempo, o homem desenvolveu seu cérebro e sua destreza em relação ao uso de armas e ferramentas. Para sua fabricação as pedras mais utilizadas eram o quartzo, a obsidiana, o sílex, a quartzita e outros materiais cristalinos capazes de manterem-se afiados. Foi apenas entre os anos de 9.000 e 1.000 antes de Cristo, que o homem descobriu que os metais poderiam ser isolados de determinadas rochas e que, ao serem aquecidos a altas temperaturas, poderiam ser modelados através do emprego de um martelo. A descoberta de metais como o cobre, o bronze e o ferro constitui o marco histórico do surgimento da metalurgia. Entretanto, a descoberta mais relevante dessa época foi a forja do ferro, dada a grande abundância que esse metal pode ser encontrado na natureza e ao fato de que, quando misturado ao carbono, transforma-se em aço, metal que fornece o gume mais afiado de todos. A evidência mais antiga que se tem da utilização do aço provém da Ásia Ocidental, entre os anos de 2.000 e 1.500 antes de Cristo, onde se fundiam e forjavam utensílios e armas. Ao longo do tempo, a importância do aço cresceu. Hoje, ele é utilizado como matéria-prima para a fabricação de uma gama quase infinita de produtos manufaturados e semimanufaturados. O aço está presente nas embalagens desenvolvidas para a indústria alimentícia; nos botijões de gás de cozinha; nos meios de transporte; nas torres de transmissão, transformadores, subestações e cabos elétricos das usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares; na construção civil; etc. O aço martela, prega e aparafusa, ou seja, é a matéria-prima principal das ferramentas manuais utilizadas pelo homem moderno. Atualmente, podem ser encontradas no mercado, ferramentas com diferentes formatos, tamanhos e procedências, principalmente de origem chinesa e indiana, que se destinam aos mais variados fins, adaptadas para cada tipo de trabalho que se deseja realizar. Dentre o universo de Ferramentas Manuais existentes, o Inmetro selecionou 15 (quinze) diferentes marcas de cada um dos três tipos mais utilizados, ou seja, daquelas ferramentas consideradas básicas, que não devem faltar em nenhuma residência, para a realização de pequenos trabalhos caseiros. São elas: o alicate universal, a chave de fenda e o martelo. Este relatório trata da análise dos resultados obtidos pelas amostras das marcas de Alicate Universal que foram submetidas a uma série de ensaios que verificaram a conformidade do produto aos parâmetros dimensionais e de desempenho das normas de especificação existentes. Foto: Modelo de Alicate Universal Normas e Documentos de ReferênciaPara a realização dos ensaios foram utilizadas as seguintes normas de referência:
Laboratório Responsável pelos EnsaiosOs ensaios nas amostras de alicate universal foram realizados pelo Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metalurgia e pelo Laboratório de Metrologia Dimensional do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais da Faculdade de Engenharia Industrial - FEI, localizada em São Bernardo do Campo, São Paulo. Cabe ressaltar que o laboratório responsável pela realização dos ensaios dimensionais possui credenciamento junto à Rede Brasileira de Calibração - RBC do Inmetro. Os laboratórios integrantes da RBC têm assegurada a rastreabilidade de suas medidas a padrões nacionais, através da calibração dos seus padrões de referência diretamente pelo Laboratório Nacional de Metrologia - LNM. Marcas AnalisadasA análise foi precedida de uma pesquisa de mercado realizada em 11 (onze) Estados: Goiás, Pará, Rondônia, Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, e identificou 47 (quarenta e sete) diferentes marcas de alicate universal, dentre as quais, 22 (vinte e duas) eram importadas. Considerando que uma das diretrizes do Programa é analisar a tendência da conformidade do produto, não é necessário analisar todas as marcas disponíveis no mercado nacional. Portanto, foram selecionadas, com base na tradição, regionalização e participação de cada marca no mercado nacional, 15 (quinze) marcas de alicate universal, 09 (nove) importadas e 06 (seis) nacionais, para que fossem submetidas aos ensaios de conformidade. A tabela I, a seguir, relaciona os fabricantes/importadores que tiveram amostras de seus produtos analisadas. Tabela I
Informações sobre as Marcas AnalisadasCom relação
às informações contidas na homepage sobre
os resultados dos ensaios, você vai observar que identificamos
as marcas dos produtos analisados apenas por um período
de 90 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:
Ensaios Realizados e Resultados ObtidosDe acordo com solicitação do laboratório responsável pelos ensaios, foram compradas quatro amostras de cada uma das marcas de Alicate Universal selecionadas, para que fossem submetidas a 12 (doze) ensaios de conformidade que foram divididos em três categorias, nas quais verificaram-se diferentes características do produto. Antes de iniciarmos a descrição dos ensaios e seus respectivos resultados, cabe ressaltar que, em muitos momentos, serão utilizados termos referentes às partes do alicate que, para muitos, podem não ser usuais. Portanto, a inserção do desenho a seguir visa minimizar dúvidas que possam surgir quanto à identificação da localização de pontos específicos no produto. 6.1. Verificação das Marcações De acordo com a norma técnica, o alicate universal deve apresentar, de forma indelével, ou seja, permanente, a identificação do fabricante e a letra da classe de aplicação (H ou W) do produto, além de fazer referência à norma de especificação.
A indicação das letras H ou W é uma informação importante, pois refere-se à aplicabilidade do alicate e, portanto, deve estar disponível para o consumidor que decidirá, no momento da compra, que produto é o mais indicado para as suas necessidades. Essas indicações devem ser feitas, em relevo, no corpo do alicate e não apenas na embalagem descartável do produto. Todas as amostras das marcas analisadas apresentaram não conformidades nesse ensaio em função da ausência de, pelo menos, uma das informações de caráter obrigatório. A tabela II descreve as irregularidades detectadas em cada uma das marcas. Tabela II
De acordo com os resultados encontrados, podemos concluir que nenhuma amostra das marcas analisadas fazia referência à norma técnica e à classe de aplicação do alicate e apenas 06 (seis), 40% (quarenta por cento) do total, traziam a identificação do fabricante marcada no corpo do produto. 6.2. Características Físicas e Mecânicas 6.2.1. Acabamento Esse ensaio tem por objetivo verificar, através de inspeção visual, se a superfície das amostras de alicate universal analisadas apresentam as seguintes características:
Na ausência de proteção anticorrosiva, os alicates devem ter suas partes metálicas engraxadas. Nesse ensaio, das 15 (quinze) marcas analisadas, apenas a amostra da marca Ferimte (importada) foi considerada não conforme. A amostra apresentava pontos de corrosão (ferrugem) na cabeça e uma grande área corroída na região entre a articulação e junto ao início do revestimento plástico do cabo. 6.2.2. Manejabilidade Esse ensaio verifica se as amostras de alicate universal analisadas não oferecem dificuldades de manuseio para o usuário do produto, através da verificação das seguintes características: Cabos:
Todas as amostras analisadas foram consideradas conformes. Cabeça:
Das 15 (quinze) marcas analisadas, 09 (nove), sendo 07 (sete) importadas e 02 (duas) nacionais, o que representa 60% (sessenta por cento) do total de marcas analisadas, foram consideradas não conformes em, pelo menos, uma das características verificadas. A tabela III descreve as irregularidades apresentadas por cada uma das marcas consideradas não conformes. Tabela III
6.2.3. Empenamento Esse ensaio verifica se as amostras analisadas apresentam algum empenamento. Todas as amostras analisadas foram consideradas conformes. 6.2.4. Material Utilizado, Tratamento Térmico e Descarbonetação Nesse ensaio foi verificado o material utilizado para fabricação do produto e o tipo de tratamento térmico ao qual o material foi submetido. De acordo com a norma técnica, o alicate universal deve ser fabricado a partir do aço e, em relação ao tratamento térmico, o alicate universal, inclusive as articulações, devem ser temperados ou revenidos. O esquema abaixo descreve o processo de tratamento térmico ideal ao qual o alicate deve ser submetido para adquirir propriedades mecânicas adequadas aumentando sua resistência (dureza), sem deixá-lo muito "duro", o que o torna frágil, ou muito "mole". Barra de Aço => Forjamento => Normalização => Têmpera => Revenimento => Peça Pronta A barra de aço "in natura" passa por um forno, a uma temperatura em torno de 1.000°C, transformando-se em aço maleável. No processo de forjamento, o aço é colocado em um molde com o formato da peça que se deseja produzir, onde sofre um resfriamento lento. A etapa de normalização tem por objetivo corrigir a microestrutura do aço, modificada durante a forja, tornando-a homogênea. Durante essa etapa, a peça já possui a forma do alicate, porém apresenta dureza baixa, ideal para a usinagem, onde a peça é trabalhada, ou seja, onde os detalhes do alicate (dentes da mandíbula, área de corte) são formados. Durante a têmpera, o alicate é submetido a uma nova elevação de temperatura, cerca de 900°C, o que torna a superfície muito dura, deixando-a muito resistente ao desgaste, porém, extremamente frágil, isto é, podendo quebrar ou trincar facilmente. O revenimento é a última etapa do processo de tratamento térmico, onde a peça é mais uma vez submetida a elevação de temperatura, cerca de 500°C, para reduzir a dureza. A tabela IV relaciona as marcas, o tipo de material utilizado para a fabricação do produto e as não conformidades encontradas. Tabela IV
Como pode ser observado, das 15 (quinze) marcas analisadas, 06 (seis), sendo 03 (três) importadas e 03 (três) nacionais, 40% (quarenta por cento) do total, foram consideradas não conformes, pois não atendiam às especificações da norma quanto ao tratamento térmico que o material utilizado para fabricação do alicate e suas articulações devem ser submetidos. Cabe aqui ressaltar o resultado do ensaio obtido pela amostra analisada de uma das marcas importadas, pois, ao invés do aço, foi utilizado ferro fundido como matéria-prima para fabricação do alicate. O ferro fundido é um material que, por apresentar teor de carbono mais elevado, é mais "mole" e mais fraco que o aço em termos de resistência. Em função dessa diferença, ferramentas de pequeno porte fabricadas a partir do ferro fundido apresentam tempo de vida reduzido, pois o desgaste pelo uso é muito maior se comparadas às de aço. Outra característica verificada por esse ensaio é se a peça sofreu, durante o tratamento térmico, processo de descarbonetação. A descarbonetação é a perda de carbono que a peça sofre quando esse elemento se mistura ao oxigênio do ar, formando o CO2 (gás carbônico). Segundo o laboratório, esse problema ocorre com certa freqüência, principalmente, durante a etapa de forjamento, e exige do fabricante do produto certos cuidado como, por exemplo, a utilização de fornos fechados que não permitam a entrada de ar. A perda do carbono está diretamente relacionada ao aumento da dureza da peça, ou seja, quanto maior a dureza, mais "duro" e mais frágil é o aço, e maior é a tendência da ferramenta a quebrar ou trincar. De acordo com a norma, "as peças atuantes não devem apresentar descarbonetação superficial que possa influenciar na sua utilização". Em relação a esse critério, a amostra da marca Corneta (nacional) foi considerada não conforme pois o pino da articulação apresentava descarbonetação. 6.2.5. Dureza Esse ensaio verifica a dureza das amostras analisadas, ou seja, a resistência que cada uma das partes principais do alicate universal oferecem à deformação permanente. A determinação da dureza dos metais é um método de controle da qualidade muito importante na indústria, para verificação das condições de fabricação, tratamentos térmicos, uniformidade de materiais, etc. A tabela V descreve as especificações de dureza para cada uma das partes principais do alicate, os resultados do ensaio, considerando as incertezas das medições, e as não conformidades encontradas. Tabela V
Como pode ser observado, das 15 (quinze) marcas de alicate universal analisadas, 13 (treze), sendo 09 (nove) importadas e 04 (quatro) nacionais, cerca de 86% (oitenta e seis por cento) foram consideradas não conformes por apresentarem dureza abaixo do especificado pela norma em, pelo menos, umas de suas partes principais. Isso significa que, por apresentarem baixa dureza, essas partes tendem a ter desgaste maior com o uso constante, reduzindo o tempo de vida da ferramenta, o que representa maior custo para o usuário, que terá que trocá-la com maior freqüência para manter a eficiência do trabalho e evitar possíveis acidentes durante o manuseio. Pela análise do gráfico a seguir, concluímos que o maior índice de irregularidades foi encontrado no ensaio que verifica a dureza do pino de articulação, no qual todas as amostras consideradas não conformes apresentaram dureza mais baixa que o especificado. 6.2.6. Proteção Superficial Esse ensaio verifica se as amostras analisadas apresentam proteção superficial contra corrosão (formação de ferrugem), ou seja, que impeça a oxidação do metal. A norma técnica estabelece que "a escolha dos revestimentos anticorrosivos é facultado ao fabricante ..." e que "a proteção anticorrosiva não deve abranger toda a superfície. As mandíbulas devem ser metalicamente brilhantes. Os cabos dos alicates podem ser fornecidos oxidados pretos ou envernizados." O termo metalicamente brilhante significa que a mandíbula não deve possuir proteção superficial na parte atuante, ou seja, nos dentes e na área de corte. Entretanto, o fato do alicate apresentar revestimento nessa região não ocasiona risco ao usuário nem prejudica seu desempenho. Pelo contrário, é mais uma garantia contra a oxidação que o alicate oferece ao usuário. Entre os tipos de revestimentos não recomendados está o cromado que, apesar de conferir ao produto o aspecto de metalicamente brilhante e que, portanto, estaria em conformidade com a norma, não apresenta funcionabilidade, pois tende a ser raspado da superfície com o uso constante do produto. Diante do exposto, o Inmetro decidiu não considerar o item da norma que declara que "a proteção anticorrosiva não deve abranger toda a superfície". Todas as amostras analisadas apresentavam proteção superficial contra corrosão, tanto na mandíbula, quanto nos cabos. 6.2.7. Pressão do Alicate Esse ensaio simula a utilização do alicate universal, com o objetivo de verificar se a amostra analisada não sofre deformação física após a realização da seguinte seqüência:
O valor da pressão aplicada varia em função da área da articulação do alicate. Área da Articulação £ 2,5cm2 => Pressão Aplicada = 600N Área da Articulação > 2,5cm2 => Pressão Aplicada = 800N Todas as amostras analisadas apresentam área da articulação superior a 2,5cm2. Todas as marcas analisadas foram consideradas conformes. 6.2.8 - Deformação Permanente dos Cabos Nesse ensaio, as amostras de alicate universal também são submetidas à aplicação de uma força sobre seus cabos. Essa força é aplicada cinco vezes consecutivas com o auxílio de um aparelho de ensaio e seu valor varia em função da área da articulação do alicate. Área da Articulação £ 2,5cm2 =>Força Aplicada = 720N Área da Articulação > 2,5cm2 =>Força Aplicada = 960N A deformação da dimensão "s" dos cabos é obtida pela medição antes e em seguida à aplicação das cinco cargas e o limite de tolerância para essa deformação varia em função do comprimento total do alicate. Comprimento do Alicate £ 155mm => Deformação Máxima Permitida < 0,5mm Comprimento do Alicate > 155mm => Deformação Máxima Permitida < 1,0mm O desenho a seguir ilustra o ponto dos cabos do alicate no qual a força (F) é aplicada nos ensaios de Pressão do Alicate e de Deformação Permanente dos cabos e a dimensão "s" citada anteriormente. A tabela VI relaciona as deformações permanentes encontradas após o ensaio. Tabela VI
De acordo com os resultados obtidos, apenas a amostra da marca Citizen (importada) foi considerada não conforme, porque durante a realização do ensaio não suportou a pressão exercida sobre os cabos e rompeu-se. Esta não conformidade representa risco à segurança do usuário que pode se ferir durante o manuseio de uma ferramenta que se quebra quando submetida aos esforços de trabalho.
Este ensaio verifica se as dimensões das amostras de alicate universal analisadas atendem às especificações da norma no que diz respeito à fabricação de um alicate com dimensões padrão. A norma brasileira determina que o comprimento total do alicate universal seja usado como referência para as demais dimensões, ou seja, a partir do comprimento total define-se a padronização para as demais dimensões e suas respectivas tolerâncias. O quadro a seguir relaciona as 05 (cinco) dimensões padrão definidas pela norma para o comprimento total do alicate, as demais dimensões e tolerâncias. O desenho descreve o posicionamento de cada uma delas.
Observação: Unidades em mm Os números entre parênteses na coluna L1/Dimensões foram colocados com o objetivo de classificar os valores das dimensões medidas em função da dificuldade em enquadrar os valores de comprimento total encontrados com aqueles definidos como padrão pela norma. A tabela VII descreve os valores obtidos para cada uma das dimensões medidas, as tolerâncias e as não conformidades encontradas. Tabela VII
Onde: L1: comprimento total do alicate Como a norma estabelece como padrão para a medida "d" o valor » 50 mm, ou seja, mais ou menos 50 mm, seria difícil quantificar a sua tolerância. O laboratório considerou como prudente e bastante razoável considerarmos uma tolerância de ± 10% (mais ou menos dez por cento). Nesse ensaio todas as amostras analisadas foram consideradas não conformes em, pelo menos, uma das medidas feitas. Resultado GeralA tabela VIII descreve os resultados obtidos pelas amostras de cada uma das marcas analisadas nos ensaios de conformidade realizados e a conclusão final de cada uma delas. Tabela VIII
ConclusõesA partir da análise dos resultados obtidos, podemos concluir que a tendência das marcas de alicate universal disponíveis no mercado nacional é de apresentarem-se em desacordo com os requisitos mínimos de qualidade para o produto estabelecidos pelas normas atualmente vigentes. Todas as amostras das marcas analisadas foram consideradas não conformes em, pelo menos, um dos doze ensaios realizados. A categoria de ensaios que verificou a presença das informações e que, segundo a norma, deveriam estar gravadas no corpo do alicate, apresentou índice de não conformidade de 100% (cem por cento), ou seja, em todas as amostras faltavam, pelo menos, duas das três informações consideradas obrigatórias. Em relação à verificação das características físicas e mecânicas das amostras de alicate, como o material e o processamento da matéria-prima utilizados para fabricação e seu comportamento quando submetido aos ensaios de desempenho, 13 (treze), das 15 (quinze) marcas analisadas foram consideradas não conformes. Nessa categoria, destacamos as amostras de três marcas importadas, consideradas não conformes em 03 (três) dos 10 (dez) ensaios dessa categoria. A amostra da marca "B" foi considerada não conforme no ensaio que verifica o material utilizado para a fabricação do alicate, no qual identificou-se que, ao invés de aço, utilizou-se ferro fundido como matéria-prima. Material de qualidade inferior ao aço, não indicado para a fabricação de ferramentas pois resulta em produtos menos resistentes, com maior tendência ao desgaste e, portanto, tempo de vida reduzido. A amostra da marca "C" rompeu-se durante o ensaio de deformação permanente dos cabos, o que representa risco em potencial para a segurança do usuário A amostra da marca "F" apresentava corrosão (ferrugem) em toda a parte metálica exposta do alicate. Em relação à verificação da dureza das partes principais do alicate, característica relacionada à resistência do produto, destacamos as amostras das marcas nacionais A e G , as duas únicas marcas consideradas conformes nesse ensaio. Na categoria de ensaios relacionados à verificação dimensional das amostras, observou-se que o não atendimento às dimensões padrões também atingiu a 100% dos produtos analisados. Esse resultado pode ser o indicativo de duas realidades; a primeira, da existência de problemas generalizados no setor no que diz respeito à dificuldades em exercer o controle eficaz do processo de fabricação do produto e a segunda, de que, em virtude dos avanços e mudanças de tecnologia alcançados pelo setor, a norma vigente, publicada em janeiro de 1987, portanto, há 13 anos, necessite de alterações (revisões, mudanças de parâmetros) no sentido de refletir a demanda do mercado atual. Esse é um ponto abordado pelos próprios fabricantes e fornecedores do produto no Brasil que citam inclusive a necessidade de se dividir a oferta de ferramentas em geral em duas linhas: a doméstica, com custo de produção mais baixo e, em função de sua aplicação, com requisitos de desempenho menos rigorosos e a profissional; destinada a um público-alvo específico, com um preço de mercado mais alto e capaz de resistir a maiores solicitações. Segundo os próprios fabricantes, essa segmentação do mercado já existe. A abertura do mercado nacional aos produtos importados, no início da década de 90, foi responsável pela entrada no país de produtos com qualidade e custo inferiores aos produzidos pela indústria nacional. Com isso, o setor viu-se obrigado a lançar um produto que fosse mais competitivo, ou seja, mais barato em detrimento da qualidade. Apesar disso, conforme pode ser observado pela análise dos gráficos a seguir, as ferramentas de origem nacional apresentaram índice de conformidade, em relação ao número de ensaios realizados, superior aos importados, com melhor nível de desempenho quando comparadas aos produtos de origem estrangeira.
De um modo geral, o resultado da análise é considerado preocupante pois o setor parece desconhecer a norma existente. A norma em vigor está desatualizada, precisando de revisão, mas o setor se mostra alheio ao fato e prefere desconsiderar a norma em vigor. Diante do exposto, o Inmetro convocará as partes interessadas, fabricantes e importadores de ferramentas em geral, institutos de pesquisa, laboratórios, representantes de organismos de defesa dos consumidores e a ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas, especificamente, o Comitê Brasileiro 04, de Máquinas e Equipamentos Mecânicos, para que sejam discutidas medidas que possam ser implantadas visando a melhoria da qualidade do setor. Conseqüências
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